Figurando entre os dois tipos de crime mais recorrentes na Especializada, o uso indevido de aposentadorias e pensões, bem como a realização de empréstimos em nome de terceiros, é crime previsto em lei, mas amplamente praticado pelo País.
O delegado Fábio Fernandes, titular da Depi, conta que, desses casos, cerca de 120 são denúncias feitas diretamente na delegacia, enquanto o restante é originário do “Disque Direitos Humanos”, ou ‘Disque 100’. Há ainda casos que o Ministério Público pede que se investigue, mas o delegado não soube precisar esses números.
“Os principais crimes que a gente têm aqui são
desvio de provento e abandono, mas desvio de provento é praticamente 50% do que
chega aqui”. Segundo ele, o mais comum é que outros familiares façam a denúncia.
Disque 100
Disque 100
No ano passado, o ‘Disque 100’ registrou no
Brasil 38.976 denúncias, das quais 16.796 foram referentes a abusos financeiros
contra idosos. Do RN foi um total de 1.297 denúncias, sendo 643 registrados
nessa mesma categoria. Em um ranking nacional, o Rio Grande do Norte ficou na
9ª posição, considerando o número de denúncias, por estado, feitas ao serviço.
De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH), os três mais
frequentes crimes cometidos contra idosos são negligência, violência
psicológica e abuso financeiro e econômico. No Rio Grande do Norte, esses
também são os três principais casos. Entre as denúncias recebidas, negligência
foi a mais comum (962 denúncias); seguida de violência psicológica (781
denúncias); e abuso financeiro (643 ligações).
Investigação
Policial civil e assistente social, Ana Carla
Ruivo vai semanalmente às casas de vítimas que estão com inquérito em andamento
na Depi. Entre os casos que chamaram atenção, ela destaca um ocorrido em 2005.
“Um casal, ele ex-desembargador e com Alzheimer, e a mulher ex-procuradora e
com dificuldade de locomoção, recebia em torno de R$ 80 mil. Dos cinco filhos,
um era advogado e desviava grande parte desse dinheiro. A gente só ficou
sabendo depois que uma outra filha, morando no Rio de Janeiro, denunciou à
Polícia”, conta.
Abuso
Abuso
Envolvendo valores menores, outro caso similar
ocorreu no interior do Estado. Cláudia Passos* conta que sua tia, Olívia
Simone* , teve a aposentadoria e pensão que recebia do pai totalmente desviada
pelo filho adotivo. “Era uns R$ 3,5 mil que o filho e a mulher dele usavam para
comprar celular e as coisas para eles, que nem trabalhavam. E ela [a tia] não
tinha alimentação adequada, andava suja e sem cuidados de higiene pessoal e de
saúde”, conta.
A solução encontrada pela família foi trazê-la para uma casa
exclusiva para idosas. Com esse dinheiro que antes era desviado, agora é pago
plano de saúde, gastos com higiene pessoal e parte da mensalidade do local onde
vive.
Analisando as denúncias que recebeu, a SNDH elaborou um “perfil” das vítimas e dos acusados. No RN, 67,3% das vítimas são mulheres e a maioria tem entre 76 e 80 anos. Já em relação aos suspeitos pelas agressões, em 57,1% dos casos são filhos (as) e 45% são mulheres.
Analisando as denúncias que recebeu, a SNDH elaborou um “perfil” das vítimas e dos acusados. No RN, 67,3% das vítimas são mulheres e a maioria tem entre 76 e 80 anos. Já em relação aos suspeitos pelas agressões, em 57,1% dos casos são filhos (as) e 45% são mulheres.
*Os
nomes Cláudia Passos e Olívia Simone são fictícios e foram usados para
preservar a identidade dessas pessoas.
Tribuna do Norte