O município de Ceará-Mirim, localizado na região metropolitana de Natal, foi o primeiro do país a ser descredenciado do programa Mais Médicos. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (3) pela assessoria do Ministério da Saúde. O descredenciamento se deu na semana passada porque a prefeitura não cumpriu quatro contrapartidas previstas em contrato. "A prefeitura não pagou os auxílios moradia, transporte e alimentação e não garantiu infraestrutura adequada para os médicos trabalharem", informou o Ministério da Saúde.
A Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) informou que os três médicos - dois espanhóis e um boliviano - que atuavam em Ceará-Mirim foram transferidos para Natal. Partiu desses profissionais a denúncia do não cumprimento das contrapartidas por parte da prefeitura.
"Existe um canal de comunicação entre o Ministério da Saúde e os profissionais no portal do programa. Os médicos notificaram o Ministério sobre os problemas que estavam enfrentando. Houve atraso no pagamentos do auxílio moradia e alimentação e as unidades de saúde de Ceará-Mirim não têm as mínimas condições de trabalho", disse a coordenadora do Mais Médicos no Rio Grande do Norte, Claudia Frederico de Melo.
A Inter TV Cabugi esteve nas unidades de saúde e constatou os problemas. A 24 quilômetros de Ceará-Mirim, a comunidade rural Santa Águeda II ficou sem os dois médicos estrangeiros que lá atuavam. No local em que funcionava a sala de curativos havia muitas fezes, provavelmente de morcegos, porque não há forro no telhado. A lâmpada da recepção foi comprada com o dinheiro de uma funcionária. Na comunidade Minamora uma casa ainda em construção era usada como ponto de apoio, mas o local foi interditado porque a água está contaminada.
O médico responsável pelo atendimento na comunidade Minamora, Alcides Maldonado, disse que em quinze anos de profissão, trabalhou em seis países, mas nunca em um lugar tão precário. "Não havia nada. Não havia água, não havia luz, não havia banheiro, não havia nada. Era uma casa em construção, não estava pronta", disse.
O prefeito de Ceará-Mirim, Antônio Peixoto, informou que já contratou três médicos para substituir os profissionais estrangeiros. "A população não vai sofrer nenhum prejuízo com relação a atendimento médico". Ele informou ainda que os novos médicos terão que trabalhar nas mesmas condições e nos mesmos locais que os estrangeiros trabalhavam. "Até que a gente consiga realizar a reforma e a construção das unidades de saúde os médicos terão que atender nos mesmos locais", disse.
Fonte: G1 RN
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