O promotor Roberto Senise Lisboa, da Promotoria de Justiça do Consumidor
de São Paulo, entrou nesta quinta-feira com uma ação civil pública
contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pelo descumprimento do
Estatuto do Torcedor. No entendimento do Ministério Público paulista, a
entidade que comanda o futebol brasileiro errou ao corroborar a decisão
do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que retirou pontos de
Portuguesa e Flamengo por escalação irregular de jogadores - Héverton,
da Lusa, e André Santos, do Fla - no Brasileirão do ano passado.
Com
a ação civil, o MP paulista solicita também uma liminar e um pedido de
antecipação de tutela a fim de anular a decisão do STJD e devolver os
pontos aos clubes punidos. A promotoria quer ainda que a CBF seja
condenada a indenizar por danos morais os torcedores dos dois clubes (o
valor seria destinado a um fundo para usado em trabalhos de interesse
comunitário), além de restituir em dobro os ingressos pagos, levando-se
em conta o total de público de todos os jogos como mandantes das equipes
no Brasileirão do ano passado. O MP pede que a CBF também seja
condenada a restituir os assinantes de pay-per-view.
De acordo
com Senise, os pedidos serão apreciados até o início da próxima semana
por um juiz de São Paulo. Seja qual for o resultado, caberá recurso.
Para o clube paulista, o prejuízo foi maior. Com a perda de quatro
pontos, a equipe rubro-verde foi rebaixada à Série B. Assim, o
Fluminense, que havia caído, foi beneficiado e se manteve na elite. O
Flamengo desceu para a 16ª posição, mas segue na primeira divisão.
Roberto
Senise argumenta que a suspensão aos jogadores Héverton e André Santos
deveria ter sido publicada no site da CBF antes da última rodada, como
determina o Estatuto do Torcedor - mas só foi depois. Lusa e Flamengo
argumentam que não sabiam das punições porque não houve a publicação.
Ao
punir os clubes, o STJD entendeu que eles já tinham ciência da
suspensão de seus atletas. Por isso, não havia necessidade de publicação
no site. Segundo Senise, o Estatuto do Torcedor é uma lei federal e não
pode ficar abaixo de uma determinação do tribunal desportivo.
Em
janeiro, quando instaurou inquérito para apurar o caso, o Ministério
Público convocou a CBF para assinar um Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC). Nele, a entidade admitiria que havia errado ao desobedecer o
Estatuto do Torcedor e se comprometeria a rever as punições. No entanto,
a CBF recusou. Dessa forma, o MP decidiu pela ação civil.
Globo Esporte
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