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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Em depoimento, suspeito nega ter acendido rojão e culpa outro preso

O auxiliar de serviços gerais Caio Silva de Souza, de 22 anos, negou ter acendido o rojão que causou a morte de um cinegrafista durante protesto na quinta-feira (6) no Centro do Rio e jogou a culpa no outro suspeito pelo crime, Fábio Raposo, de acordo com reportagem do jornal "Extra".

Essa versão difere do que Caio havia afirmado horas antes à TV Globo na Bahia, onde foi preso. Em entrevista à reporter Bette Lucchese, ele disse que acendeu o rojão junto com Raposo. "Acendi sim", admitiu o jovem.

Segundo o jornal, a afirmação de Caio foi feita em depoimento dado à polícia no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, aonde chegou na tarde de quarta-feira (12) para cumprir prisão temporária de 30 dias. Caio também já havia sido questionado antes pela polícia, ao chegar ao Rio de Janeiro, e tinha optado por não falar sobre o caso, usando o direito constitucional de só se pronunciar em juízo. No entanto, mudou de ideia depois.

O Jornal Extra publicou o conteúdo do documento em que Caio acusa Fábio Raposo de ter acendido o rojão (Atualização: o G1 teve acesso ao documento no final da tarde). No depoimento, Caio acusa Fábio Raposo de ter acendido o rojão. O suspeito diz que pegou o artefato, já aceso, das mãos de Raposo, e apenas o colocou no chão. Além disso, no depoimento, Caio disse que acreditava que o artefato fosse um sinalizador, e não um "cabeção de nego" como havia dito anteriormente à repórter da TV Globo Bette Lucchese.

Para o delegado, nova versão não altera a situação

O titular da 17ª DP (São Cristóvão), Maurício Luciano, em entrevista à GloboNews, confirmou que Caio prestou depoimento à polícia mas não revelou o teor do documento. Ainda de acordo com o delegado, o fato de Caio afirmar que foi Fábio quem acendeu o artefato não muda os rumos da investigação.

“Juridicamente pouco importa se foi o Fábio que atiçou e o Caio acendeu ou vice-versa. Ambos são coautores. Houve divisão de tarefa com um objetivo em comum. Então, não haverá necessidade de acareação. Pode ser que lá na frente, durante a instrução criminal, na primeira fase do Tribunal de Júri, o juiz sinta a vontade de confrontá-los. 

Neste momento, é desnecessário, não vamos mudar o nosso objetivo de concluir este inquérito amanhã [sexta-feira (14)]. Para nós da Polícia Civil, não há qualquer relevância agora nos atermos a estes detalhes”, disse Maurício Luciano.

Suspeitos se acusam 

Em entrevista à Rádio CBN, o advogado de Fábio e Caio, Jonas Tadeu, negou, inicialmente, a existência do depoimento. Em seguida, voltou atrás, e afirmou que não tinha conhecimento sobre o documento. Diante disso, o advogado admitiu a possibilidade de deixar o caso, uma vez que as versões de seus clientes sobre o crime não coincidem.

"Não tenho conhecimento deste depoimento. Vou estar com ele [Caio] daqui a pouco e saber se este depoimento foi prestado. Até o presente momento não tenho nenhum conhecimento de uma colisão [de depoimento] dos dois [Caio e Fábio]. Aí, [se houver], claro, não pode haver uma única defesa. Teria que optar [por um dos clientes] ou deixar a causa", disse Jonas Tadeu.

Manifestantes aliciados

A entrevista à repórter Bette Lucchese e o depoimento à polícia tiveram um ponto em comum: a questão do aliciamento político de manifestantes. Em ambas as situações, Caio Silva de Souza afirmou há financiadores que pagam jovens para participar de protestos, mas negou conhecer estas pessoas. 

O advogado de Caio, Jonas Tadeu, já havia declarado à repórter da TV Globo Bette Lucchese que o jovem recebia R$ 150 reais por manifestação. Segundo ele, o jovem usava o dinheiro para ajudar a mãe nas despesas.

A respeito das suspeitas de aliciamento de jovens para protestos, o delegado Maurício Luciano disse à Globo News que as informações estão sendo investigadas. 

“Este procedimento está sobre a orientação da Coordenação do Chefe de Polícia e eu não sou responsável por ele, então, eu não posso falar sobre uma investigação que não está sobre a minha presidência. A Polícia Civil vai investigar todas essas circunstâncias, porque o que, na verdade, vai interessar à Polícia Civil são esses supostos pagamentos, remuneração, patrocínio de quem quer que seja que se destine a atos de vandalismo, de hostildade, de violência O que é crime é patrocinar manifestações violentas”, afirmou o delegado.

 Foto: Reprodução/TV Globo
Fonte: G1 

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