Pressionados
pela grave crise fiscal, governadores cobram do Palácio do Planalto uma
ajuda emergencial da União para terminar o ano e conseguir pagar o 13º
salário dos servidores públicos. Pelo menos três estados — Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte — estão com sérias
dificuldades para honrar essas despesas. Outras unidades da federação
também enfrentam problemas e já tiveram de atrasar ou parcelar salários
nos últimos meses.
É o caso, por
exemplo, de Minas Gerais e do Distrito Federal. Um dos principais
argumentos apresentados pelos governadores é que o não pagamento do
benefício causaria uma onda de pessimismo no país, pois a gratificação
contribui para movimentar a economia no fim do ano. Eles alegam que isso
teria impacto negativo para os setores de comércio e serviços.
Integrantes da
equipe econômica reconhecem o drama dos estados, mas afirmam que não há
como colocar mais dinheiro nas mãos dos governadores, pois o problema é
estrutural. Eles afirmam que o caminho a seguir é implementar programas
de ajuste fiscal que reequilibrem as contas regionais. Os estados, por
sua vez, rebatem que esse tipo de ação não resolverá as dificuldades até
o fim de 2016.
SOLUÇÃO POLÍTICA NÃO ESTÁ DESCARTADA
Mesmo assim,
interlocutores do governo federal afirmam que o Planalto está sensível
às demandas e que “uma solução política não está descartada”. O formato
dessa saída não está definido. As propostas dos governadores são as mais
variadas. Um grupo defende até mesmo um socorro do BNDES para quem
precisar de ajuda para quitar o 13º salário.
Uma
dificuldade, porém, é que o banco de fomento não pode emprestar recursos
para financiar despesas de custeio. A ideia é que os empréstimos do
BNDES fossem usados para pagar despesas de capital (como a dívida
externa tomada para investimentos) e, assim, desonerar os tesouros
estaduais para pagar os servidores. Seria uma nova edição do Programa
Especial de Financiamento (PEF), mecanismo usado em 2009 e 2011 para
socorrer estados.
Procurado, o
BNDES disse desconhecer qualquer solicitação nesse sentido, mas afirmou
que, como órgão de governo, está aberto a estudar alguma solução, “desde
que inserida na política econômica global do governo”.
RIO GRANDE DO NORTE
No Rio Grande
do Norte, há atrasos nos salários, e o secretário de Fazenda do estado,
André Horta, afirmou que o 13º depende de quanto será repassado aos
governos regionais pelo programa de repatriação de recursos e de
receitas adicionais que estão sendo buscadas. Ele explicou que a
frustração de receitas no Rio Grande do Norte chega a R$ 800 milhões,
sendo que a repatriação deve render R$ 300 milhões. Ou seja, ainda ficam
faltando R$ 500 milhões para fechar as contas.
A repatriação,
que rendeu R$ 50,9 bilhões à União, será partilhada com estados e
municípios. A equipe econômica alega que apenas o que foi obtido com
Imposto de Renda (IR) deve ser dividido, o que equivale a R$ 12,7
bilhões. No entanto, 12 estados procuraram o STF para pedir que o valor
arrecadado com a multa também seja dividido com os governadores.
O Globo