Perante 70 mil pessoas e delegações oficiais de todo o mundo, o papa
Francisco encerrou o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, também
conhecido como Jubileu, neste domingo (20).
Após uma oração
silenciosa, o ato final de um dos mais importantes eventos católicos foi
o fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro. Assim como
ocorreu no dia 8 de dezembro de 2015, quando o Jubileu foi iniciado
oficialmente no Vaticano, houve uma procissão de religiosos pelo
local.
Na solenidade, batizada de "Cristo Rei do Universo", o
Pontífice fez uma reflexão sobre tudo que Jesus Cristo dá ao mundo e o
seu sofrimento ao ser pregado em uma cruz, em uma postura "muito
distante" da figura de um rei.
Segundo Jorge Mario Bergoglio,
Cristo "não cede à tentação de descer da cruz", demonstrando seu próprio
poder contra a tentação de que "prevaleça o eu com sua força, com sua
glória e com seu sucesso".
"É a tentação mais terrível, a primeira e a última do Evangelho.
Mas,
perante a isso, ao ataque do próprio modo de ser, Jesus não fala e não
reage. Não se defende, não tenta convencer, não faz uma apologia ao seu
reinado. Somos chamados a lutar contra essa tentação, a olhar a sua
postura no Crucifixo para nos tornar sempre mais fiéis", disse o Papa.
Continuando seu pensamento, Francisco ressaltou que "quantas
vezes, ao invés disso, também entre nós, procuramos as seguranças
oferecidas pelo mundo. Quantas vezes somos tentados a deixar a nossa
cruz".
"A força de atração do poder e do sucesso é baseada em
um caminho fácil e rápido para difundir o Evangelho, esquecendo-se
rapidamente de como funciona o reino de Deus. Este Ano da Misericórdia
nos convidou a redescobrir a centralidade e a retornar ao essencial",
falou aos fiéis.
Lembrando da função missionária da Igreja, o
sucessor de Bento XVI pediu para que os fiéis "renunciem" aos hábitos
que podem por obstáculos no serviço ao reino de Deus, encontrando uma
"reorientação no perene e humilde reinado de Jesus". O Santo Padre
ainda falou sobre as milhares de Portas Santas que foram instituídas em
dioceses de todo o mundo, como forma de marcar o Jubileu, e destacou que
"muitos peregrinos passaram pelas Portas e sentiram a grande bondade do
Senhor".
"Agradecemos por isso e nos lembramos que fomos
tomados pela misericórdia para nos tornarmos instrumentos da
misericórdia", destacou.
Em um dos momentos mais marcantes de
sua homilia, o líder da Igreja Católica lembrou que Jesus deixa todos
serem "livres" e falou sobre o paradoxo da cruz.
"De verdade, o
reino de Jesus não é desse mundo. Ele é um rei sem poderes e sem glória
e na cruz parece mais um vencido do que um vencedor. O seu reinado é
paradoxal. É um Rei que se empenhou para abraçar e salvar todas as
pessoas. Ele não nos condenou, sequer nos conquistou porque nunca violou
nossas liberdade. Fez sua estrada com um amor humilde, que perdoa tudo,
que tudo espera, tudo suporta. Ele venceu e continua a vencer os nossos
grandes adversários: o pecado, a morte, o medo", afirmou.
Jubileu:
Tradicionalmente, o jubileu acontece a cada 25 anos. O último foi em
2000, portanto, o próximo deveria ser apenas em 2025.
Contudo,
um Pontífice pode convocar tal celebração por razões extraordinárias,
no caso, a misericórdia. A medida tem como objetivo motivo pedir que os
fieis façam uma reflexão sobre a importância da misericórdia, mostrando
uma face mais humana da Igreja Católica, como Francisco tem feito
durante todo seu papado.
O Jubileu é um período no qual a
Igreja Católica concede graças espirituais aos fiéis, como a expiação
dos pecados. Segundo a tradição, esse é um tempo em que é mais fácil
para o cristão alcançar as bênçãos de Deus. Ele também é uma espécie de
chamado para que os que estão afastados da fé retomem sua vida
religiosa. Em 29 de novembro, o Papa abriu a porta santa da catedral de
Bangui, na República Centro-Africana (RCA), iniciando o ano de forma
simbólica o ano santo. - Delegações oficiais: Além dos fiéis,
participaram da cerimônia de encerramento do Jubileu autoridades de
diversos países do mundo. Da Itália, estiveram presentes o presidente,
Sergio Mattarella, e o primeiro-ministro, Matteo Renzi. O Pontífice,
aliás, agradeceu o apoio que recebeu do governo italiano durante o quase
um ano de evento.
Estadão
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