O Brasil
precisa investir R$ 225 bilhões a mais para atingir a meta prevista no
Plano Nacional de Educação (PNE) de destinar pelo menos o equivalente a
10% do Produto de Interno Bruto (PIB) à educação até 2024.
O valor está
em relatório divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) de monitoramento das metas do PNE.
O PNE é uma lei
federal, sancionada em 2014, que prevê metas para melhorar a educação
brasileira em dez anos. As metas vão desde a educação infantil à
pós-graduação, passando pelo investimento, melhorias em infraestrutura e
pela valorização do professor.
A meta 20 trata
do financiamento e estabelece, além da meta final, uma meta
intermediária de investir, até 2019, pelo menos 7% do PIB em educação.
Para atingir esse patamar, o Inep aponta que será necessário o
investimento de cerca de R$ 54 bilhões adicionais aos R$ 344 bilhões já
aportados atualmente no setor. Os cálculos são baseados nos dados de
investimento de 2014.
De acordo com
os últimos dados disponíveis, de 2014, o Brasil investe no total o
equivalente a 6% do PIB, ou aproximadamente 344 bilhões. O valor vem
crescendo nominalmente desde 2004. Em 2013, o investimento total foi de
R$ 337,7 bilhões. Em termos de pontos percentuais, o investimento
público total em educação apresentou evolução de 1,5 ponto percentual
desde 2004.
Já o
investimento público direto, feito apenas em instituições públicas,
apresentou menor evolução do percentual alcançado em relação ao PIB em
termos absolutos, variando 1,2 pontos percentuais em 10 anos – com
crescimento de 3,8%, em 2004, para 5,1% do PIB. De 2013 para 2014 houve
uma retração de 5,1 para 5.
O investimento
direto é aquele feito nas instituições públicas, descontados os valores
despendidos pelos entes federados com aposentadorias e pensões,
investimentos com bolsas de estudo, financiamento estudantil e despesas
com juros, amortizações e encargos da dívida da área educacional.
Distribuição
Em relação à
natureza da despesa, os gastos com pessoal ativo representam a maior
parte do investimento, 46,2%. A porcentagem caiu desde 2004, quando
representava 52,8%. Já o financiamento estudantil apresentou o maior
crescimento em pontos percentuais. Em 2004, o gasto representava 0,8% do
total, já em 2014, subiu para 4%.
Salário do professor
De acordo com o relatório divulgado pelo Inep, professores ganham em média 81,6% do salário médio de
outros profissionais com escolaridade equivalente. Pelo PNE, até o
sexto ano de vigência da lei (2020) o país deverá equiparar o rendimento
médio dos professores ao dos demais profissionais.
O cálculo do
Inep diverge de outros estudos. O levantamento feito pelo movimento
Todos pela Educação mostra, por exemplo, que os professores ganham ainda
menos em relação aos demais profissionais com escolaridade equivalente:
54,5%. Segundo o movimento, os baixos salários tornam a carreira pouco
atraente aos melhores profissionais, o que vai na contramão de países
que estão no topo dos rankings internacionais de educação.
"O aumento do
indicador é devido, em grande parte, ao crescimento no salário médio de
professores que, em 2004, era R$ 1.965,80 (em valores constantes de
2014) e, em 2014, passou para R$ 2.740,45, ganho real de 39,4% acima da
inflação ao longo de dez anos. Já o salário médio de não professores
saltou de R$ 3.316,65 (em valores constantes de 2014) para R$ 3.356,36,
em 2014, ou seja, um aumento real de apenas 1,9%. A inflação apurada no
período foi de 71,1%", diz o relatório.
Monitoramento
Os dados estão
no Relatório do 1º Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE: Biênio
2014-2016. Este é o primeiro relatório que mede a evolução do
cumprimento da lei pelo Brasil. Em 2015, o Inep divulgou um documento
inicial que serve de base para o monitoramento.
Pelo PNE, o
Inep tem a missão de, a cada dois anos, ao longo do período de vigência
deste Plano, publicar estudos para aferir a evolução do cumprimento das
metas, com informações organizadas por ente federado e consolidadas em
âmbito nacional, tendo como referência os estudos e as pesquisas, sem
prejuízo de outras fontes e informações relevantes.
O relatório
desde ano é publicado com alguns meses de atraso, uma vez que, pela lei,
deveria ter sido divulgado até o dia 25 de junho, quando o plano
completou dois anos de vigência.
* Agência Brasil