sexta-feira, 20 de novembro de 2020

MOURÃO LAMENTA MORTE, MAS DIZ QUE ''NO BRASIL NÃO EXISTE RACISMO''

 

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, lamentou nesta sexta-feira (20) a morte de João Alberto Silveira Freitas. O homem negro morreu após ser espancado por dois homens em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre. Apesar da solidariedade, Mourão afirmou que no Brasil não existe racismo.

"Lamentável, né? Lamentável isso aí. Isso é lamentável. A princípio, é segurança totalmente despreparada para a atividade que ele tem que fazer. Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui", declarou.

Um dos jornalistas repetiu a pergunta sobre a existência de racismo no país. O general disparou:"Não, eu digo para você com toda a tranquilidade: não tem racismo aqui".

"Eu digo para vocês o seguinte, porque eu morei nos Estados Unidos: racismo tem lá. Eu morei dois anos nos Estados Unidos, e, na escola em que eu morei lá, o 'pessoal de cor' andava separado, [o] que eu nunca tinha visto isso aqui no Brasil. Saí do Brasil, fui morar lá, era adolescente e fiquei impressionado com isso aí. Isso no final da década 60", completou.

"Mais ainda, [nos EUA] o pessoal de cor sentava atrás do ônibus, não sentava na frente do ônibus. Isso é racismo, aqui não existe isso. Aqui o você pode pegar e dizer é o seguinte: existe desigualdade. Isso é uma coisa que existe no nosso país. Temos brutal desigualdade aqui fruto de uma série de problemas e grande parte das pessoas de nível mais pobre, que tem menos acesso aos bens, às necessidades da sociedade modernas são 'gente de cor' apesar de sermos gente totalmente misturada", concluiu Mourão.

O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, ainda não se manifestou sobre a morte de João ocorrida hoje, no Dia da Consciência Negra. No entanto, o presidente postou uma foto em suas redes sociais em que Pelé, ex-jogador do Santos e da seleção Brasileira, o homenageia com uma camisa autografada do clube paulista.

“Obrigado Pelé. Bom dia a todos”, escreveu Bolsonaro. Na camiseta, Pelé autografou: “Presidente Bolsonaro, com abraço”.

O caso

João Alberto Silveira Freitas foi espancado e morto em frente à esposa por um segurança e um policial militar temporário na porta de uma unidade do supermercado Carrefour, no bairro Passo D'Areia, em Porto Alegre. Em um vídeo que circula nas redes sociais, um dos homens segura a vítima e o outro desfere murros. A vítima grita enquanto recebe os socos. Uma testemunha relato que o homem foi espancado até parar de respirar.

O assassinato despertou uma onda de revolta nas redes sociais. O pai de João disse que a família espera por justiça.

Além de Mourão, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também se manifestou dizendo que "as cenas (da agressão) são incontestes" e que "houve excessos".

O que diz o Carrefour:


"O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário.

O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais."

O que diz a Brigada Militar

"Imediatamente após ter sido acionada para atendimento de ocorrência em supermercado da Capital, a Brigada Militar foi ao local e prendeu todos os envolvidos, inclusive o PM temporário, cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei. Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos. A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral." 

Correio Braziliense 

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