Na tarde deste domingo (15) chegou ao distrito de São Gonçalo, no
município de Sousa, Sertão paraibano, o supervisor de obras Josemar de
Oliveira, junto com o cavalo que o acompanhou durante os 2 mil quilômetros e 29
dias entre Brasília e a Paraíba. Ele cumpriu a promessa que fez à filha cerca
de cinco anos atrás: cavalgar até o interior paraibano para participar da festa
de formatura dela em medicina veterinária, pelo Instituto Federal da Paraíba
(IFPB), no campus de Sousa.
“Eu não tenho nem palavras. Foi o maior ato de amor que já recebi”,
disse Beatriz Fernandes, filha de Josemar.
Mas Josemar não fez essa viagem sozinho, planejada há dois anos. A
esposa dele, a dona de casa Lucimar Dantas, 51 anos, seguiu com ele, além de um
casal de amigos, o produtor rural Cícero Duarte, 41 anos, e a dona de casa
Maria das Graças, 36 anos. O casal é de Poço de José de Moura, também no Sertão
da Paraíba, e conheceu os pais de Beatriz durante o planejamento da viagem.
“Uma emoção muito forte, pegamos muitas chuvas no caminho, fizemos
amizades com as pessoas que nos receberam nas fazendas. Primeiramente agradecer
a Deus”, declara Cícero.
Para essa aventura, Josemar montou uma estrutura de cuidados tanto para
ele quanto para os animais que o acompanham nessa missão. Além disso, ele fez
um orçamento de cerca de R$ 15 mil para completar a promessa.
O grupo chegou na tarde do domingo e cerca de 25 cavaleiros do Alto
Sertão da Paraíba foram recepcionar Josemar e o amigo Cícero Duarte. A intenção
de todos era fazer a última parte da viagem cavalgando pela Zona Rural, mas as
chuvas prejudicaram as estradas nas comunidades que faziam parte do trajeto. O
fim da viagem foi feito pela BR-230.
“Prova de amor para a família, para a minha filha, pelo animal, prova de
amor a todos os vaqueiros nordestinos”, ressalta Josemar.
Josemar é natural de Coremas, na Paraíba, mas ainda criança se mudou
para São Gonçalo, onde morava a esposa, e há 29 anos foram morar em Brasília.
Todos os anos ele visita o lugar onde passou boa parte da infância e da
adolescência.
Cavalgando, é a primeira vez que fez a viagem, o que a tornou
ainda mais especial.
“Eu sempre tive vontade de fazer uma viagem longa a cavalo. Gosto muito
de cavalgar. E quando Beatriz foi para Sousa fazer medicina veterinária eu
achei que ela não ia aguentar, ia voltar para casa. Aí fiz a promessa e agora
estou cumprindo”, explicou o supervisor de obras.
Roteiro passou por cinco estados até a Paraíba
No roteiro da viagem, que partiu de Brasília em uma cavalgada até a
saída da capital, estava a passagem pelos estados de Goiás, Minas Gerais,
Bahia, Pernambuco e Ceará, até chegar à Paraíba. Para conseguir concluir todo
esse trajeto, foi montada uma operação entre os viajantes.
As mulheres seguiram em uma caminhonete onde tinha alimentação e outros
itens para dar suporte à viagem, cuja maior parte era para os bichos, incluindo
ainda medicamentos. Havia também um trailer para levar a ração dos animais e
para eles serem transportados em algumas circunstâncias. Isso porque os homens
alternavam a cavalgada em três animais, sendo uma mula (Tesoura), um burro
(Alicate) e uma égua (Bella), e iam uma parte no carro.
Dos 2 mil km do percurso, a pretensão de Josemar era fazer pelo menos
1,4 mil km montado e o restante no automóvel. Ele conseguiu percorrer 1,05 mil
km cavalgando. Segundo ele, não dava para fazer a viagem toda cavalgando devido
às condições das rodovias, do cansaço para eles e para os animais.
Josemar fez questão de levar um mapa em vez de um GPS para visualizar
melhor o caminho e evitar ao máximo o asfalto, cavalgando apenas na estrada de
terra.
G1 PB