Um
inédito cruzamento entre dados do governo e a folha de pagamento do
Bolsa Família levou o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário
(MDSA) a identificar 7.961 servidores federais entre os beneficiários do
programa.
Mais de 52% já tiveram os contratos cancelados ou os saques
bloqueados, todos sob a suspeita de sub-declaração de renda.
A
"malha fina" faz parte de um trabalho de apuração feito pela pasta ao
longo dos últimos quatro meses, considerando seis bases de dados do
governo federal: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged),
Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS), Sistema Integrado de Administração de Recursos
Humanos (Siape), Sistema de Controle de Óbitos (Sisobi) e Relação Anual
de Informações Sociais (Rais). No total, foram flagradas mais de 1,1
milhão de irregularidades.
No caso dos servidores federais,
foram analisados os dados do Siape - onde constam registros de
funcionários públicos com vínculos ativos, estagiários, aposentados e
pensionistas - junto às informações declaradas pelos inscritos no
Cadastro Único, plataforma da Caixa Econômica Federal destinada aos
programas sociais oferecidos pelo governo.
De imediato, 759
benefícios de servidores federais foram bloqueados (seguem recebendo,
mas estão impedidos de sacar o dinheiro) e 3.394 totalmente cancelados,
caso das famílias cuja renda familiar per capita ultrapassa os R$ 440 -
mais que o dobro do teto exigido para ingresso e permanência no
programa, que é de R$ 170 por membro da família.
Os
servidores serão comunicados e terão três meses para comprovar seus
rendimentos nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) de
seus municípios. Caso fique comprovado que a suspensão foi um equívoco,
voltarão a receber a mensalidade (com retroativo).
Entre os
quase 8 mil servidores federais suspeitos, 31% (2.468) são estagiários
ou jovens aprendizes, cujo menor salário, referente a 20 horas semanais,
é de R$ 413,33 - duas vezes mais que o teto do Bolsa Família.
O
ministro Osmar Terra informou que o pente-fino deverá se tornar uma
prática mensal. "O objetivo é separar o joio do trigo. Quem realmente
precisa, vai continuar recebendo o benefício".