A Polícia
Militar do Rio Grande do Norte anunciou, durante entrevista coletiva na manhã
desta segunda-feira (5), que os 14 PMs do 9º Batalhão, denunciados pelo
Ministério Público pela prática de crimes em Natal, que atuavam na 'Viatura do
Mal' também responderão a processos administrativos. "Estes problemas de
desvios de conduta não representam a instituição", afirmou o coronel
Ângelo Dantas, comandante geral da corporação.
Ainda de
acordo com o comandante, os dois PMs que foram denunciados, mas que não foram
presos durante a operação, serão afastados das ruas e exercerão funções
administrativas até o fim da apuração. Ele também ressaltou que a corporação é
composta, em sua grande maioria, por homens e mulheres honestos e comprometidos
com o trabalho em prol da comunidade.
"A
Polícia Militar do Rio Grande do Norte é composta em sua grande maioria por
homens e mulheres dignos, sérios, honestos e comprometidos com o trabalho em
prol da comunidade. Não podemos condenar ninguém antecipadamente, só podemos
fazer juízo de valor após a conclusão do processo, mas se ficar comprovado
qualquer desvio de conduta haverá punição. Não passamos a mão na cabeça de
ninguém", disse o comandante.
A
operação 'Novos Rumos', realizada pelo Ministério Público no dia 29 de
setembro, prendeu 12 PMs do 9º Batalhão. Na última sexta-feira (2), 14 foram
denunciados por corrupção passiva, peculato-furto, receptação, prevaricação e
violação de domicílio. Os crimes são previstos no Código Penal Militar.
As
descobertas foram feitas a partir de interceptações telefônicas e escutas
instaladas dentro de um carro do 9º BPM. O conteúdo das gravações está
transcrito no pedido de decretação de prisões preventivas, indisponibilidade de
bens e afastamento de sigilo de dados fiscais feito Ministério Público à
Justiça potiguar.
Durante 18 dias, viatura da PM do Rio Grande do Norte circulou com
microfones escondidos. Fantástico teve acesso exclusivo às escutas.
O Fantástico teve acesso exclusivo aos áudios gravados dentro do carro
924 do 9º BPM. Na reportagem, o veículo é chamado de 'Viatura do Mal'. De acordo com as investigações, os PMs
detidos receberam dinheiro, queijos e até galinhas para liberar supostos criminosos.
Os investigados ainda teriam permitido o
tráfico de drogas na região Metropolitana de Natal.
Um diálogo travado dentro do carro 924 do 9º Batalhão da Polícia Militar é usado pelo MP para ilustrar a
série de crimes praticada pelos PMs. Na conversa, os policiais afirmam que
"honestidade não vale nada" e questionam por que eles deveriam ser
honestos "se os políticos não são". O mesmo carro, segundo o
Ministério Público, foi usado para cometer os crimes de associação criminosa,
tortura, corrupção passiva, receptação, furto, roubo e prevaricação entre 2014
e 2015.
Para o MP, as
interceptações telefônicas e escutas revelam que o os crimes eram algo
"rotineiro" para os policiais. Um dos casos mais emblemáticos
aconteceu quando os PMs aceitaram duas galinhas e R$ 60 para liberar o suspeito
de um crime. Aconteceu no dia 5 de maio deste ano, em uma abordagem de rotina
em que os policiais encontram munição no carro de um homem não identificado em
Parnamirim, na Grande Natal.
Depois de receberem
as galinhas e o dinheiro, os PMs conversam. "Queres vender a tua? Para eu
colocar lá no quintal para comer o mato", questiona um deles. O outro
recusa a oferta: "Não! Vou ficar com ela! Vem Dias das Mães aí!".
Operação
Citronela
A ‘Operação Citronela’ foi realizada no dia 25 de setembro com o objetivo de combater crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro na Zona Oeste de Natal.
A ‘Operação Citronela’ foi realizada no dia 25 de setembro com o objetivo de combater crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro na Zona Oeste de Natal.
Ao todo, foram
cumpridos 23 mandados de busca e apreensão e duas pessoas foram presas. Uma
delas foi Joel Rodrigues da Silva, que possui condenação criminal por tráfico
de entorpecentes, tendo constituído ao longo do tempo um vasto patrimônio
distribuído em nome de terceiros e gerenciado de modo a ocultar a origem ilegal
dos recursos.
“Ao longo da
investigação ficou comprovado que o grupo é responsável pela gestão de um
elevado patrimônio, avaliado em mais de R$ 1 milhão, composto por automóveis de
luxo, apartamentos, terrenos em condomínios de praias e em outros locais de
alta valorização imobiliária, uma empresa de construção civil, dois salões de
beleza e cafeteria em área nobre da capital”, afirmou o MP.
Por fim, foi
determinada a indisponibilidade dos bens dos investigados e das empresas
utilizadas para lavagem de dinheiro. Também foram apreendidas armas, drogas e
considerável quantidade de dinheiro.
G1/RN