O
Ministério Público Federal (MPF) em Pau dos Ferros apresentou à
Justiça alegações finais referentes a sete processos que acusam de
desvio de recursos e improbidade administrativa o ex-prefeito de Luís
Gomes, Pio X Fernandes; além de ex-membros da Comissão Permanente
de Licitação (CPL) e diversos empresários, dentre os quais Creso
Venâncio Dantas, cuja empresa de contabilidade, a Rabelo e Dantas,
se envolveu em ilegalidades junto a várias prefeituras do estado.
As
alegações finais do MPF (em quatro ações penais e três por
improbidade administrativa) são de autoria do procurador da
República Marcos de Jesus e denunciam a montagem fraudulenta de
vários procedimentos licitatórios. Nas peças processuais, o MPF
afirma que esquema ilegal foi praticado na execução de convênios e
contrato de repasse com o Governo Federal para reconstrução de
casas populares, uma quadra poliesportiva, a aquisição de um
caminhão, além da implantação de infraestrutura hídrica no
âmbito do Programa Nacional de Agricultura Familiar - Pronaf.
Além de
Pio X, a lista de réus inclui três ex-integrantes da CPL
(Lindonjonhson da Silveira Batista, Antônio de Pádua Silva e
Guilherme Libânio da Rocha Junior), o ex-secretário de Obras
Cláudio Fídias Barbosa Freitas e os empresários e suas empresas:
Ana Marília Lins Mendes (Azimute Construções Ltda.), Francisco
Lopes Torquato (Construtora Serrana Ltda.), Roberto Ney Pinheiro
(Acol – Acácia Construções Ltda), Alberto Jorge Nunes Gomes de
Lima (Expoente Construções), Calixto Fernandes Lopes Neto (RC
Construções Ltda. ME), Januzzi Laura Gome Dantas (ML Dantas
Construções Ltda – Epp), Joanilson Pergentino Costa (Par
Engenharia Ltda.), Paulo José Ferreira de Melo e Valfrides Joaquim
Álvaro dos Santos Peres (respectivamente administrador e gerente de
vendas da Via Diesel Distribuidora de Veículos, Motores e Peças
Ltda.) e Creso Venâncio Dantas, administrador do escritório de
contabilidade Rabelo & Dantas.
Fraudes
- Após a produção de provas, o MPF reafirma que as licitações
foram forjadas. Uma delas envolvia recursos do Ministério do Esporte
e do Turismo, que firmou contrato de repasse de R$ 136 mil. Outra se
referia a R$ 150 mil repassados pelo Ministério do Desenvolvimento
Agrário para investimentos na agricultura familiar, através de
implantação de infraestrutura hídrica. Mais R$ 147 mil foram
frutos de um convênio com o Ministério da Integração Nacional
para reconstrução de 28 casas. E da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), vieram R$ 100 mil para melhorias sanitárias.
O MPF
explicou que o ex-prefeito firmava contratos diretos com as empresas,
ilegalmente, sem qualquer tipo de concorrência. No caso da Azimute
Construções, ganhadora de uma das licitações, a empresa já
pertenceu ao ex-secretário de Obras de Luís Gomes, Cláudio Fídias
Barbosa, que também foi sócio da RN Construções Ltda., igualmente
envolvida nas irregularidades. A representante da Azimute na suposta
licitação, aliás, foi a esposa de Cláudio, Ana Marília Lins.
O único
dos processos que não envolve a Rabelo e Dantas diz respeito à
aquisição de um caminhão, com repasse federal de R$ 70 mil do
Ministério do Desenvolvimento Agrário. “A verdade (…) é que
esse certame foi forjado”, concluiu o MPF, apontando montagem das
propostas que integraram a suposta licitação e ainda a participação
de “concorrentes” com o mesmo quadro societário.
Esquema
- Para encobrir as ilegalidades, o então prefeito, com o auxílio
dos membros da CPL, dos representantes das empresas e de Creso
Venâncio Dantas, forjava um processo licitatório na Rabelo e
Dantas. Os crimes cometidos nesse escritório foram descobertos em
2003, através de uma operação policial que encontrou documentos
apontando a simulação de licitações em dezenas de prefeituras do
Rio Grande do Norte. A Rabelo e Dantas agia como uma “fábrica de
licitações”, montando processos fraudulentamente para encobrir os
desvios de recursos.
Apesar de
o esquema ter se tornado rotineiro, deixou fortes indícios das
irregularidades, incluindo modelos praticamente iguais apresentados
como sendo propostas de empresas diferentes; falta de projetos
executivos ou detalhamento dos serviços contratados; processos sem
numeração, sem protocolo ou com inversão de etapas; ausência ou
falsificação de documentos; além de licitações realizadas em
prazos inexequíveis, com vários atos supostamente praticados em um
único dia.
Possíveis
penas - Se condenado nas quatro ações penais, Pio X Fernandes
estará sujeito a uma pena somada de 31 anos e um mês de reclusão,
além da inabilitação para o exercício de cargo ou função
pública, eletivo ou de nomeação. Já as três ações civis por
improbidade poderão resultar na perda de qualquer função pública,
além da suspensão dos direitos políticos e uma multa que, somada,
pode alcançar um valor de R$ 449.016,39, ainda a ser corrigido.
Os
processos tramitam na Justiça Federal sob os números:
0000490-97.2013.4.05.8404, 0000479-68.2013.4.05.8404,
0000488-36.2013.2013.4.05.8404, 0000141-94.2013.4.05.8404,
0000487-45.2013.4.05.8404, 0000478-83.2013.4.05.8404 e
0000461-47.2013.4.05.8404.
Assessoria de Comunicação MPF