A
manifestação acontece no mesmo dia em que a FIFA fará o sorteio dos
grupos da Copa das Confederações, que antecede o Mundial de 2014.
O
evento articulado pelo Comitê Popular da Copa, que integra diversos
grupos e movimentos sociais com expressão nas 12 cidades que sediarão as
partidas da Copa, fará uma caminhada até o local onde será feito o
sorteio, o Anhembi.
O Comitê Popular da Copa de São Paulo destaca os interesses políticos e econômicos em detrimento dos direitos humanos.
Caci
Amaral, coordenadora da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São
Paulo, citou em artigo na página da Pastoral Fé e Política da
Arquidiocese de São Paulo os problemas acarretados com a realização
deste tipo de evento esportivo mundial.
“Não
podemos repetir erros cometidos em Portugal, na África do Sul ou no Rio
de Janeiro, por ocasião da realização de grandes esportivos, onde hoje,
estádios e instalações, construídos com dinheiro público, não servem à
população local”.
A
coordenadora destacou a necessidade da participação popular nas
decisões, a transparência do dinheiro público e a busca de benefícios
que sejam permanentes para a população da cidade-sede.
Roberval
Freire, coordenador da Pastoral dos Migrantes, na Arquidiocese de São
Paulo, que integra o comitê na capital destacou a participação de
diversas pastorais da Arquidiocese de São Paulo na manifestação que
acontece em dezembro.
Segundo
Roberval, diversas denúncias estão sendo feitas pelo Comitê no sentido
de alertar a população sobre as violações de direitos humanos e
conscientizá-la de seu papel nas decisões.
Roberval
concedeu entrevista ao Portal A12 e falou sobre a motivação da
mobilização, o envolvimento das pastorais e os alertas feitos pelos
diversos comitês.
Portal A12 – Por que “Copa pra quem?”?
Roberval Freire – Infelizmente a Copa 2014 não é do povo brasileiro. Por mais que a gente goste de futebol, temos que enfrentar esta realidade: os cartolas da FIFA e CBF mandam e desmandam e o objetivo mesmo está no lucro que a Copa vai dar. Já estão usufruindo de bilhões de reais, nos contratos que envolvem o dinheiro público. É, também, no quanto os negócios irão render. Em resumo: uma Copa pra o turista que irá consumir marcas e produtos da copa.
Roberval Freire – Infelizmente a Copa 2014 não é do povo brasileiro. Por mais que a gente goste de futebol, temos que enfrentar esta realidade: os cartolas da FIFA e CBF mandam e desmandam e o objetivo mesmo está no lucro que a Copa vai dar. Já estão usufruindo de bilhões de reais, nos contratos que envolvem o dinheiro público. É, também, no quanto os negócios irão render. Em resumo: uma Copa pra o turista que irá consumir marcas e produtos da copa.
Muitos
impactos este mega evento já trouxe: exploração de trabalhadores
migrantes, despejos, indenizações insuficientes (quando existiram),
comprometimento das políticas públicas nos municípios envolvidos,
política “higienista”, com sistemática criminalização e expulsão dos
pobres das áreas valorizadas ou praças públicas.
Portal
A12 – Qual o envolvimento da Arquidiocese de São Paulo nessa
mobilização? Quais pastorais e movimentos católicos estão envolvidos?
Roberval Freire – Numa reunião, em São Paulo, dia 10 de outubro, da Comissão para a Caridade Justiça e Paz, as pastorais e organismos da Arquidiocese, com seu coordenador, Dom Milton Kenan (bispo auxiliar da Região Brasilândia), decidiram aceitar o convite para participar do Comitê Popular da Copa, de São Paulo, que estava organizando um ato público para 1º de dezembro, dia em que a FIFA planeja sortear as chaves (grupos) dos times para a Copa das Nações, prevista para julho de 2013.
Roberval Freire – Numa reunião, em São Paulo, dia 10 de outubro, da Comissão para a Caridade Justiça e Paz, as pastorais e organismos da Arquidiocese, com seu coordenador, Dom Milton Kenan (bispo auxiliar da Região Brasilândia), decidiram aceitar o convite para participar do Comitê Popular da Copa, de São Paulo, que estava organizando um ato público para 1º de dezembro, dia em que a FIFA planeja sortear as chaves (grupos) dos times para a Copa das Nações, prevista para julho de 2013.
Ao
longo das três reuniões ocorridas, a Comissão da Arquidiocese de São
Paulo esteve representada por 8 pastorais: Pastoral do Povo da Rua,
Pastoral Afro, Pastoral da Mulher Marginalizada, Pastoral do Menor,
Pastoral da Moradia, Pastoral do Idoso, Serviço Pastoral dos Migrantes e
Pastoral da AIDS. Em conjunto, as pastorais reafirmavam suas
reivindicações, já há tempos: pelo fim dos despejos e das remoções; por
moradia digna para toda a população; por respeito e políticas públicas
para a população de rua; pelo fim da violência policial e do genocídio
da população negra e pobre; pelo fim da perseguição aos trabalhadores
informais; por transporte público, barato e de qualidade para toda a
população, entre outras. Em uma das reuniões, as pastorais convidaram um
jornalista do jornal da Arquidiocese, O São Paulo, o qual publicou uma
boa matéria a respeito.
Portal A12 – Quantas pessoas são esperadas para o evento?
Roberval Freire – Para o evento de 1º de dezembro, 13hs, na Ocupação da Rua Mauá, 340, Estação da Luz, são esperadas cerca de duas mil pessoas, de dezenas de organizações e redes articuladas. Nas paradas iremos abordar a questão da moradia, com a especulação imobiliária da cidade, despejos, direito à cidade; a questão do povo da rua, criminalizado, desrespeitado na sua cidadania; a questão do trabalhador informal, cada vez mais cerceado no seu direito à sobrevivência digna e excluído pelo poder público, no tocante à inclusão social; a questão da mulher, explorada no turismo sexual, e sofrendo todo o tipo de violência; a questão da criminalização dos pobres, negros, violentados pela polícia e crime organizado e, por fim, toda a política da Copa, sem participação da população, mercantilizando o futebol.
Roberval Freire – Para o evento de 1º de dezembro, 13hs, na Ocupação da Rua Mauá, 340, Estação da Luz, são esperadas cerca de duas mil pessoas, de dezenas de organizações e redes articuladas. Nas paradas iremos abordar a questão da moradia, com a especulação imobiliária da cidade, despejos, direito à cidade; a questão do povo da rua, criminalizado, desrespeitado na sua cidadania; a questão do trabalhador informal, cada vez mais cerceado no seu direito à sobrevivência digna e excluído pelo poder público, no tocante à inclusão social; a questão da mulher, explorada no turismo sexual, e sofrendo todo o tipo de violência; a questão da criminalização dos pobres, negros, violentados pela polícia e crime organizado e, por fim, toda a política da Copa, sem participação da população, mercantilizando o futebol.
Portal A12 – Quais os alertas que o evento pretende destacar?
Roberval Freire – São muitas as violações dos direitos humanos relacionados direta ou indiretamente com a Copa, alguns já citados pelo manifesto do Comitê Popular da Copa/ São Paulo:
Roberval Freire – São muitas as violações dos direitos humanos relacionados direta ou indiretamente com a Copa, alguns já citados pelo manifesto do Comitê Popular da Copa/ São Paulo:
-
os despejos de milhares de pessoas de suas casas sem alternativa de
moradia digna, para dar lugar a obras viárias que nem sequer foram
discutidas com a população;
-
políticas que aprofundam a chamada “higienização”, com perseguição aos
moradores de rua, catadores de papel, camelões. Lembramos que, pela lei
da FIFA, em torno de cada estádio haverá uma área de segurança
abrangendo um raio de dois quilômetros, de exclusão;
-
o mercado imobiliário e a especulação financeira, se beneficia deste
megaevento e atua no sentido de expulsar o pobre das áreas em
valorização;
- o povo segue sendo massacrado pelo péssimo e caro transporte coletivo que tem piorado;
- nos estádios, torcedores são criminalizados, os ingressos são caros e elitizam o acesso ao espetáculo;
-
para que tudo isso aconteça, a aplicação de mais de 30 bilhões de reais
– dinheiro público – em obras para um evento que será acessível a
poucos e que tanta falta faz na saúde, educação, moradia, transporte e
no próprio esporte...Ou seja, foi mentira a afirmação anterior segundo a
qual a iniciativa privada entraria de igual para igual com o poder
público. Hoje, mais de 95% dos recursos para a Copa estão vindo do
dinheiro público;
- com o evento, cresce a exploração sexual de mulheres, crianças e adolescentes para o turismo sexual.
Elisangela Cavalheiro
Redação Portal A12
Redação Portal A12
Nenhum comentário:
Postar um comentário