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quarta-feira, 6 de março de 2019

Mangueira é a campeã do carnaval 2019 do Rio


A Mangueira é a grande campeã do carnaval 2019 do Rio de Janeiro. A Imperatriz Leopoldinense e a Império Serrano foram rebaixadas. 

Para conquistar o seu 20º título, a Mangueira deu uma aula de história na Sapucaí. Mas foi uma história alternativa, com destaque para heróis da resistência negros e índios em vez dos personagens tradicionais das páginas de livros escolares. 

O enredo “História pra ninar gente grande” foi assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias. Em busca do título, a Mangueira exibiu uma bandeira do Brasil com as cores da escola no final do desfile.

"A gente passou a mensagem que a gente queria, não só pro Brasil, mas para o mundo inteiro, a valorização da nossa raça, os verdadeiros desbravadores deste país", comemorou a rainha de bateria Evelyn Bastos, destacando que a escola exaltou a história do povo negro. 

"Lava a alma. A Mangueira estava esperando esse título. Foi muita batalha", afirmou Alvinho, ex-presidente da escola. "Fizemos um grande espetáculo e, semana que vem, se Deus quiser, vamos repetir." 

O carnavalesco Leandro Vieira, que conquistou o segundo campeonato da sua carreira, também celebrou a vitória. "A Mangueira merece esta festa. A Mangueira é uma escola que faz carnaval para representar uma comunidade importante. 

Para Vieira, este foi um "carnaval de representatividade". "Esses homens e essas mulheres aqui são os heróis do meu enredo, que merecem sempre ser exaltados. Aqui mora o que tem de melhor nesse país. E o que tem de melhor nesse país faz essa festa que o mundo todo aplaude", vibra. 

"É um recado político para o país todo, que tem que entender que isso aqui é importante. É um recado político também para o presidente mostrar que o carnaval é isso aqui. O carnaval é a festa do povo. O carnaval é cultura popular. O carnaval não é o que ele acha que é. O carnaval é isso. E ele deveria mostrar para o mundo o carnaval da Mangueira. O carnaval da arte, o carnaval da luta, o carnaval do povo, o carnaval da cultura popular."

 

Vitória de ponta a ponta

A Mangueira liderou a disputa de ponta a ponta. A escola e a Viradouro tiveram uma competição apertada nos primeiros três quesitos, mas, a partir do quarto, de alegorias e adereços, a Mangueira assumiu a primeira posição sozinha até o final da apuração das notas. 

A escola verde e rosa apenas perdeu três décimos durante toda a apuração, mas estas notas mais baixas foram descartadas na pontuação final.

 

Trajetória no carnaval do Rio

No ano passado, a Mangueira ficou em 5º lugar, com um samba-enredo que exaltou a simplicidade do carnaval. A campeã foi a Beija-Flor. A última vez que a verde e rosa levou o troféu foi em 2016, quando homenageou a cantora Maria Bethânia.

 

Ranking de títulos no carnaval

Com a vitória neste ano, a Mangueira chegou ao seu 20º título no carnaval do Rio de Janeiro, apenas dois a menos que a maior campeã, a Portela.

 

Desfile das campeãs

A Mangueira vai fechar o Desfile das Campeãs neste sábado (9) na Marquês de Sapucaí. Também vão desfilar as outras cinco escolas mais bem classificadas na apuração das notas: Viradouro, Vila Isabel, Portela, Salgueiro e Mocidade Independente de Padre Miguel. 

O Desfile das Campeãs começa às 21h15. Os ingressos para assistir os desfiles ainda estão disponíveis e podem ser consultados

 

Destaques do desfile

  • O segundo carro apresentou uma releitura do Monumento às Bandeiras, em São Paulo. A obra apareceu manchada de sangue, em referência à forma violenta com a qual os bandeirantes exploravam o Brasil.
  • Uma ala com passistas, a bateria e outras partes do desfile deram destaque às rebeliões e fugas de escravos.
  • O samba citou Marielle Franco, vereadora do PSOL morta a tiros em março do ano passado. A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) desfilaram à frente da última ala.

Com 3.500 componentes, a escola verde e rosa apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o massacre dos guaranis pelas tropas de Portugal e da Espanha. 

Foram recontadas batalhas entre índios e portugueses, com tribos dizimadas. Uma das alas mostrou os índios Cariris e sua luta para que o Nordeste não fosse invadido, em um conflito de mais de 50 anos. 

Um grupo de musas da comunidade chamou a atenção por representar importantes mulheres negras, como Acotirene, matriarca do Quilombo dos Palmares, e Adelina Charuteira, da campanha contra a escravidão no Maranhão. 

Outro momento de representação feminina foi um dos carros foi empurrado apenas por mulheres. 

O quarto carro contou a história de Chico da Matilde. O jangadeiro negro lutou para impedir o embarque de escravos no Ceará e foi importante para abolição da escravidão na região. 

As alas seguintes apresentaram caricaturas que caçoaram de Pedro Álvares Cabral (apresentado como presidiário) e Pedro I (montado em uma mula). Cheio de livros gigantes, o quinto carro da Mangueira simbolizou "A história que a história não conta", mais uma vez questionando as lições ensinadas nas escolas. 

G1

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