O Ministério Público de São Paulo (MPSP) conseguiu na Justiça a
transferência de integrantes do crime organizado, ligados ao Primeiro
Comando da Capital (PCC), para o regime disciplinar diferenciado (RDD)
pelo período de 360 dias. No RDD, o preso fica recolhido em cela
individual e tem o banho de sol limitado em duas horas diárias, além de
só poder receber visita de duas pessoas por semana, pelo período máximo
de duas horas. A transferência foi autorizada na sexta-feira (10).
Segundo
o Ministério Público, os transferidos são: Marco Willians Herbas
Camacho (conhecido como Marcola), Valdeci Francisco Costa, Antonio José
Muller Júnior, Paulo César Souza Nascimento Júnior, Daniel Vinicius
Canônico, Paulo Pedro da Silva, Eric Oliveira Farias, Paulo Felipe
Esteban Gonzalez, Márcio Domingos Ramos, Airton Ferreira da Silva e Cléber Marcelino Dias dos Santos.
Também foi solicitada a
prorrogação da internação no RDD de Wilber de Jesus Merces, Marcos Paulo
Ferreira Lustosa e Wanderson Nilton Paula Lima pelo prazo de 20 dias.
Medida cautelar
O
promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, disse que essa determinação
do Judiciário de internação no RDD pelo período de um ano é um
desdobramento da Operação Ethos, deflagrada no dia 22 de novembro do ano
passado. A operação investigou um braço jurídico do crime organizado.
Segundo o MP, a Justiça já havia expedido medida cautelar, com duração
de 60 dias, para que esses integrantes do PCC fossem para o RDD, enquanto o juiz ouviria a defesa deles.
“O
motivo [do pedido de RDD] foi justamente a investigação de um braço
jurídico do PCC em que os advogados serviam de pombos-correios, se
desviavam da função, e isso atingia não só as pessoas que estavam em
liberdade, no caso os advogados, que estão todos presos, como também
aqueles integrantes do PCC que davam ordens a esses advogados”, disse.
Na
época, o MP identificou 54 pessoas, entre membros do PCC que já estavam
cumprindo pena e advogados que atuavam em colaboração com a facção.
“Nós identificamos alguns presos, dentre eles, alguns líderes que
mantinham contato direto com esses advogados, davam ordens. No caso, o
Marcola, no total são 16 pedidos [de transferência para o RDD]”, afirmou
o promotor.
Todos os integrantes do PCC afetados por essa
decisão da Justiça paulista já estavam temporariamente no RDD, devido à
medida cautelar de 60 dias. A novidade da decisão da última sexta-feira é
que, agora, é definitiva. “Na sexta-feira, ele [juiz] julgou
definitivamente esses pedidos nossos e, para 11 casos que ele já julgou,
ele deferiu RDD por um ano, que é o prazo máximo do RDD. É um
desdobramento do pedido do ano passado, que foi dado só 60 dias [de RDD]
e agora foi julgado em definitivo”, explicou Gakiya.
Além disso,
o MP pediu a transferência de quatro presos para o sistema
penitenciário federal. Segundo o promotor, em um caso, o juiz já deu a
sentença. “São quatro presos que nós estamos pedindo para que sejam
transferidos para o sistema federal, todos eles envolvidos em
planejamento de morte de policiais e de agentes penitenciários”.
A
Secretaria da Administração Penitenciária não confirmou se os
integrantes do PCC foram transferidos e disse, em nota, que não informa
sobre transferência de presos por questão de segurança.
AGENCIA BRASIL