Todos episódios que viraram propaganda, boa ou má, para um dos líderes evangélicos mais influentes do Brasil, ao lado de nomes como Silas Malafaia e Edir Macedo.
Hoje sua igreja, a Mundial do Poder de Deus, tem estimados 4.500 templos e três deputados: Missionário José Olímpio (DEM-SP), Francisco Floriano (DEM-RJ) e Franklin Lima (PP-MG).
No dia 9/1, o apóstolo deu, literalmente, seu sangue por ela. Quando a vida lhe dá um limão, você faz uma limonada. Quando um ajudante-geral desfere três golpes de facão em Valdemiro, o religioso vai à TV pedir dinheiro.
Com alegados problemas mentais, Jonatan Higino, 20, atingiu pescoço e costas do apóstolo com uma lâmina de 35 centímetros, num culto televisionado. Dois dias e 25 pontos depois, Valdemiro usou o caso para incentivar fiéis a doarem R$ 8 milhões.
Ele já conhece o enredo: "Quando a imprensa dá a notícia [do atentado], coloca lá: 'Valdemiro nem bem se recuperou e foi pedir oferta'".
Entre seculares (como evangélicos chamam aqueles de outra ou nenhuma religião), a estratégia foi absorvida como um entre tantos exemplos de pastores inescrupulosos que exploram sua base "coitadinha".
Para evangélicos, esse tipo de visão escancara preconceito e condescendência de uma elite intelectual que os despe de autonomia para decidir o que é melhor para eles. Segundo Valdemiro, o dinheiro solicitado banca um mês de custos da Rede Mundial, seu canal na TV fechada.
Clubes de futebol têm "patrocínio do sócio-torcedor" (que pagam mensalidade ao clube em troca de benefícios), e isso ninguém estranha, compara o apóstolo são-paulino.
"O Palmeiras arrecadou milhões assim, e todo mundo aplaudiu. Eu pago só neste canal aí R$ 8 milhões. O preconceito leva o repórter a separar uma coisa da outra. Ontem mesmo estive com jovens da cracolândia. Isso [obras de caridade] tem um custo."
Folha de S. Paulo