O
Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte começou a alertar 80 municípios que
extrapolaram os limites de gastos com pessoal determinados pela Lei de
Responsabilidade Fiscal em novembro e dezembro de 2019. O número representa
praticamente metade das cidades potiguares. Das 167 prefeituras, três não
prestaram contas e são alvos de investigação.
De
acordo com o TCE, as cidades gastaram mais de 54% do orçamento - que é o teto
máximo permitido - para pagamento de pessoal.
"Esses
80 municípios estão em uma situação mais grave. Estão acima do limite legal,
então isso marca o início de um prazo de oito meses que eles vão ter para
voltar ao limite legal e não ter que serem penalizados com a redução do quadro
de pessoal para poder adequar a receita que eles têm hoje", afirmou Luiz
Eduardo Lira, diretor de assuntos municipais do TCE.
"Não
é de hoje que essa preocupação acontece. Os municípios são dependentes de
transferências constitucionais e, em qualquer variação eles ficam em uma
situação mais grave", acrescentou.
Ainda
de acordo com o diretor, as três prefeituras que não prestaram informações são
alvo de uma fiscalização especial do Tribunal. São os casos dos municípios de
Rafael Fernandes, que não prestou contas o ano inteiro, além de Antônio Martins
e Tibau.
Para
o presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), José
Leonardo, mais conhecido como Naldinho, os principais motivos da situação em
que as cidades se encontram são a crise econômica e a obrigação que os
municípios têm de arcar com parte do orçamento de programas criados pelo
governo federal.
"Vem
um subfinanciamento que termina com que a gente pague outra parte das folhas de
pagamentos com recursos próprios. Termina com a gente ultrapassando o limite
prudencial por falta desse recurso que não vêm com suficiência", disse.
Questionado
porque os municípios não adotam mais austeridade fiscal, ele considera que as
cidades já vivem no limite. "Se diminuir esse pessoal, que já está no
limite, nós iremos dificultar, prejudicar os programas e os serviços essenciais
no município, na saúde, educação, assistência social", argumentou.
Para
o diretor do TCE, a solução é buscar o aumento de arrecadação dos municípios.
"Fatalmente essa relação de despesa de pessoal com a receita corrente
líquida vai se tornar mais favorável. Vai diminuir, vão ficar menos sujeitos à
instabilidade, a essas variações de transferências constitucionais e terão uma
gestão melhor", considera.
Municípios
A
situação mais grave detectada pelo TCE foi no município de Bento Fernandes, que
no final de 2019 chegou
a decretar "falência", devido ao bloqueio de recursos para
pagamentos de precatórios . No último bimestre do ano, o município comprometeu
70,83% do orçamento com pagamento de pessoal. A cidade foi seguida por Lagoa
Salgada que gastou 69,74% das receitas com os salários dos servidores.
As
maiores cidades do estado, Natal, Mossoró e Parnamirim conseguiram manter o
gasto dentro do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. A capital comprometeu
47,16% do orçamento com pessoal. Já Mossoró gastou 46,99% das receitas com
salários, e Parnamirim, 48,21%.
Inter TV Cabugi
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