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sexta-feira, 20 de março de 2020

Vacinas, remédios e controle: as possibilidades de tratamento e prevenção ao coronavírus até aqui


A propagação do novo coronavírus e a disparada no número de mortos pela doença covid-19 faz com que laboratórios, cientistas, médicos e governantes se apressem em busca de remédios e vacinas para conter a pandemia.

Dezenas de substâncias com potencial de tratamento, de antiretrovirais a corticóides, estão sendo testadas, e alguns países começam a mostrar bons resultados no controle da propagação do vírus.


Conheça, a seguir, as principais luzes no fim do túnel da crise causada pela pandemia, que, no Brasil, até aqui já infectou quase mil pessoas e causou ao menos sete mortes.


Na última quarta-feira (18), a China informou que não registrou nenhum caso de transmissão local do novo coronavírus nas 24h anteriores. Foi a primeira vez que isso ocorreu desde o início da epidemia de covid-19 no país, há três meses.


Isso não significa que não tenha havido novos casos; autoridades disseram que 34 pessoas ficaram doentes, mas vindo de outros países. Mesmo assim, é um feito que pode sinalizar o início de uma reviravolta.


Na China, já foram notificados 80.928 casos do novo coronavírus, com 3.245 mortes.

A Coreia do Sul também avançou no controle do coronavírus. O país chegou a ter quase mil novos casos da doença por dia, mas conseguiu controlar a difusão e hoje registra cerca de uma centena de novos casos por dia.

Remédios

Hidroxicloroquina: a substância foi criada em 1945 a partir da cloroquina, um derivado do quinino, a primeira substância com efeito comprovado contra a malária.

Como explicou em sua conta no Twitter o psiquiatra e professor da Unicamp Luís Fernando Tófoli, o quinino foi isolado no século 19, mas desde o século 17 já era usado por indígenas peruanos como um fitoterápico – eles consumiam a planta cinchona, rica em quinino, a mesma substância da água tônica.


A hidroxicloroquina, “neta” da cloroquina, é há décadas utilizada para tratar malária e também doenças oncológicas e reumatológicas. Seu efeito antiviral já havia sido confirmado no tratamento de outras SARS (síndromes respiratórias agudas) no início do século.


Agora, estudos na China e na França publicados nos últimos dias sugerem que possa ser empregada contra a covid-19.


Após 6 dias, a percentagem de pacientes que receberam HCQ e continuaram com covid-19 caiu para 25%.


Melhor ainda, esse total caiu a 0% na combinação entre a hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina.


Há ressalvas: a amostragem foi muito pequena, a quantidade de pessoas testadas foi baixa, de 20 pessoas, seis das quais receberam as duas drogas combinadas.


Por outro lado, ao contrário de novos remédios, que precisam passar por extensas baterias de testes antes de serem usados em larga escala em humanos, esse já está aprovado para outras finalidades. Na prática, bastariam “canetadas” de autoridades para que estivesse disponível em pouco tempo.


Remdesivir: o remédio desenvolvido pelo laboratório Gilead Sciences foi criado para o tratamento do ebola e não funcionou, mas está sendo testado para o novo coronavírus. Os resultados da primeira onda de provas, com 761 pacientes, devem ser publicados nas próximas semanas.


O remédio já foi utilizado em pacientes nos Estados Unidos e, segundo informações, teve efeito positivo sobre as condições clínicas, embora não tenha eliminado o vírus.


Em seu favor, justamente por ser estudado e desenvolvido desde as epidemias de ebola, na África, nos anos 1990, o Remdesivir já está em um estágio mais avançado de desenvolvimento. A Universidade de Nebraska, por exemplo, já está conduzindo testes clínicos para o coronavírus.


Actemra: esse remédio, da fabricante Roche, foi aprovado pela China para o tratamento de complicações decorrentes da infecção por coronavírus. A família de drogas à qual o Actemra pertence tem habilidade de prevenir reações exageradas do sistema imunológico sobre as infecções e inflamações o pulmão que, até aqui, são as principais causas de mortes por covid-19.


A droga está em fase de testes pré-clínicos com 188 pacientes infectados por coronavírus, na China. Os testes oficiais devem começar em maio.


Favilavir: foi a primeira droga antiviral aprovada na China contra o coronavírus. Passou bem por testes pré-clínicos envolvendo 70 pacientes na província chinesa de Shenzhen e agora aguarda novos testes.


Galidesivir: o antiviral da fabricante Biocryst Pharma mostrou ampla atividade contra diversos patógenos, incluindo o coronavírus. Sua atuação inibe o processo de reprodução do vírus, e, por isso, já foi usado, com sucesso, em pacientes com ebola, zika e febre amarela. Como o Remdesivir, essa droga está em estágio avançado de desenvolvimento.


Vacinas

Diversos laboratórios em todo o mundo estão correndo contra o tempo para tentar descobrir uma vacina que permita imunizar as populações contra o novo coronavírus.

Em 12 de março, a companhia biofarmacêutica Medicago, do Canadá, anunciou ter desenvolvido uma partícula similar ao SARS-Cov-2, o nome científico do novo coronavírus. A empresa já faz testes pré-clínicos e discute com autoridades de saúde para realizar testes em humanos em julho.


A companhia I-Mab Biopharma, dos EUA, também está desenvolvendo um anticorpo neutralizador chamado TJM2 que tem demonstrado ser útil para prevenir efeitos colaterais graves da infecção por coronavírus. A droga não elimina o vírus, mas evita um mecanismo do sistema imunológico humano responsável por gerar inflamação crônica – que, quando localizada no pulmão, é a principal causa de morte.


AT-100: a proteína recombinada criada pelo laboratório Airway Therapeutics tem se mostrado eficiente em estudos pré-clínicos para reduzir os processos de inflamação e infecção dos pulmões, e, ao mesmo tempo, tem melhorado a resposta do sistema imunológico dos doentes.


BPI-002: a molécula criada pela fabricante Americana BeyondSpring demonstrou, em laboratório, a habilidade de ativar células chamadas CD4+, que, por sua vez, auxiliam outras células, chamadas CD8+, a gerar uma resposta eficiente do sistema imunológico humano.

Se combinada com outras vacinas, essa droga pode ser capaz de gerar imunidade a infeções por coronavírus.

MERS CoV: a vacina desenvolvida para a MERS, uma espécie de avô do novo coronavírus que surgiu no Oriente Médio por volta de 2012, foi criada pelo laboratório Novavax e agora é uma das maiores apostas para vacina.


Valor Investe/Globo

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