Antes doença de adulto, diabetes tipo
dois cresce entre crianças por causa de obesidade
Há pouco tempo atrás, seria
estranho falar sobre diabetes tipo dois em crianças. Antes restrita ao universo
dos adultos, a doença é consequência do que os especialistas chamam de
"epidemia da obesidade", presente cada vez mais na infância.
A última pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou que, em 20 anos, o número de crianças acima do peso entre cinco e nove anos aumentou mais do que o dobro.
Saiba o que é diabetes tipo dois, qual é a relação do problema com a obesidade e como proteger o seu filho.
A última pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou que, em 20 anos, o número de crianças acima do peso entre cinco e nove anos aumentou mais do que o dobro.
Saiba o que é diabetes tipo dois, qual é a relação do problema com a obesidade e como proteger o seu filho.
Qual é a diferença entre diabetes tipo um e tipo dois?
Na
diabetes tipo um, o corpo não produz insulina, hormônio que transporta a
glicose (açúcar) do sangue para dentro das células, serve como principal
combustível para elas e que também age no processo de crescimento. "Já no
diabetes tipo dois, o paciente produz insulina, mas o corpo tem sensibilidade
diminuída ao hormônio, reduzindo assim seu efeito, como se não houvesse
quantidade suficiente", afirma o pediatra endocrinologista Felipe Monti
Lora, membro dos Centros de Excelência em Obesidade Infantil e Diabetes Tipo Um
do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. Essa condição é o que os médicos
chamam de resistência à insulina.
Por que a obesidade infantil pode causar diabetes
tipo dois?
O acúmulo de gordura corporal faz
com que o corpo produza mais insulina, para tentar normalizar os níveis de
glicose circulando no sangue, e a presença do hormônio em excesso é justamente
o que causa a resistência a ele. "O pâncreas trabalha tanto para liberar
insulina que chega à exaustão e para a produção, fazendo com que a glicemia
comece a subir. Além disso, a própria gordura em excesso altera o mecanismo de
ação da insulina", diz a endocrinologista Maria Edna de Melo, diretora da
Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica). Quando a glicemia sobe, é sinal de que a diabetes tipo dois já
está se manifestando.
Sim, e o principal motivo é o
aumento da incidência de obesidade infantil. "Nas ultimas décadas, as
crianças ficaram mais sedentárias, tendo mais acesso a atividades como video
game e televisão, além do fácil consumo de alimentos mais calóricos. Isso gera
obesidade e contribui para o diabetes tipo dois", fala o pediatra
endocrinologista Felipe Monti Lora.
Quem mais está sujeito à doença?
A genética também tem um peso
importante, então se há casos na família é preciso redobrar o cuidado e a
atenção para os exames de rotina e o controle de peso.
Como saber se meu filho tem diabetes tipo dois?
O acompanhamento de perto com o
pediatra pode levantar as primeiras suspeitas. "O médico deve colocar a
criança na curva de IMC (Índice de Massa Corpórea) adequada para a idade, para
não haver o risco de subestimar o grau de adiposidade [acúmulo de gordura dos
tecidos]", afirma a endocrinologista Maria Edna de Melo.
O diagnóstico precoce é importante para evitar que o problema evolua. "A criança não se torna diabética de repente, na verdade, é um processo que costuma ser bastante longo. Por isso não devemos esperar a criança ter os sintomas clássicos, que são urinar muito, beber muita água e perder peso. Quando esses sinais aparecem, é porque o caso já é extremo", afirma o pediatra endocrinologista Ricardo Fernando Arrais.
O diagnóstico precoce é importante para evitar que o problema evolua. "A criança não se torna diabética de repente, na verdade, é um processo que costuma ser bastante longo. Por isso não devemos esperar a criança ter os sintomas clássicos, que são urinar muito, beber muita água e perder peso. Quando esses sinais aparecem, é porque o caso já é extremo", afirma o pediatra endocrinologista Ricardo Fernando Arrais.
Como é o tratamento?
O principal é adotar hábitos mais
saudáveis para reduzir gordura corporal. Pais e irmãos devem apoiar e fazer
juntos as mudanças necessárias no estilo de vida familiar. "É preciso
reduzir a ingestão de alimentos ricos em açúcares, gordura e sal. As crianças
obesas e com tendência a diabetes também sofrem risco de hipertensão e
problemas cardíacos, por isso o ideal é mexer no pacote completo", diz a
endocrinologista Maria Edna de Melo.
Praticar exercícios físicos, mesmo que sejam leves, também ajuda. Em alguns casos mais graves, pode ser indicado o uso de medicamentos e insulina.
Praticar exercícios físicos, mesmo que sejam leves, também ajuda. Em alguns casos mais graves, pode ser indicado o uso de medicamentos e insulina.
Do UOL,
em São Paulo