E como nestes casos o objetivo é
mostrar para o povo que seu candidato não tem frescura e é gente como a gente,
é importante não se abater com estes percalços e aceitar tudo que o eleitor lhe
oferecer.
"Estávamos em um bairro bem
pobre de Londrina e ele foi convidado por uma mulher para tomar um café em sua
casa. Aceitou. Só que o café estava frio e, para piorar, tinha uma mosca na
caneca. O pior é que não dava para cuspir. Ia parecer desfeita. Então ele ficou
ali por vários minutos com a mosca na boca, a mulher falando e ele apenas
concordando com a cabeça e fazendo ´hum-humm, hum-humm´. Só pôde cuspir quando
saiu. Foi engraçado", conta o coordenador de campanha Claudio Osti, que
trabalha com marketing político desde 1996.
Mas esse tipo de ação tem efeito
na hora da eleição? Osti diz que funciona mais para "gerar mídia" e
"fazer cena" para o horário eleitoral do que para gerar voto.
"Nesses eventos não têm nem como passar qualquer mensagem política.
Geralmente isso acontece em pontos tradicionais onde há muita concentração de
pessoas. Então, em Curitiba, por exemplo, o candidato tem que ir tomar um café
na Boca Maldita. Em Londrina, tomar uma vitamina em frente à Catedral e em
qualquer outra cidade comer um pastel na feira."
Para Carlos Rayel, que coordena a
imagem do candidato a governador Lúdio Cabral (PT-MT) e que já foi secretário
de comunicação do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, o marketing
alimentício só funciona quando é natural. Segundo ele, a ocasião em que o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comeu buchada de bode e andou de
jumento ficou parecendo "forçação de barra".
"Todo mundo sabe que ele tem
hábitos bem mais requintados que aquele. Então funciona para o pessoal daquela
região, mas fora dali não. O candidato daqui, por exemplo, é médico sanitarista
de um região específica e sempre trata pessoas com hipertensão. Para ver se as
pessoas tinham mudado seus hábitos alimentares, ele sempre fazia uma visita
surpresa nas casas delas na hora do almoço. Aí resolvemos usar isso no programa
eleitoral."
Rayel faz uma ressalva, no
entanto. Segundo ele, é preciso considerar que, assim como o vereador
paranaense, o ex-presidente provavelmente não teve como escapar do prato que
lhe fora oferecido.
A consultora de comportamento
Cláudia Matarazzo diz que, nestes casos, o candidato não deve recusar logo de
cara qualquer comida que lhe seja oferecida, por mais indigesta que ela possa
parecer. "Tem que ser delicadamente. Coma só um pouquinho, diz que acabou
de almoçar ou enrola um pouco e diz que está atrasado."
No entanto, esta regra pode e
deve ser quebrada quando o político tiver alguma restrição alimentar. "O
Serra, por exemplo, tem problemas com lactose, a Marina Silva também tem várias
restrições. A saúde em primeiro lugar", diz a consultora.
Há apenas um grande inimigo a ser
evitado durantes as campanhas, segundo os entrevistados: a maionese. "As
campanhas têm sempre um problema: o almoço. O candidato está andando a manhã
toda, para para almoçar e o primeiro prato que aparece é a maionese, que foi
feita horas antes. Tem muita chance de dar errado. Então, maionese
jamais."
Fonte: UOL