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domingo, 13 de dezembro de 2015

Igreja emite decreto se reconciliando com Padre Cícero

Durante celebração de missa na Sé Catedral de Crato, em júbilo pela passagem do Ano Santo, o Bispo Dom Fernando Panico leu decreto de reconciliação da Igreja com o Padre Cícero.  Um documento emitido pelo Papa Francisco onde a Igreja Católica Apostólica Romana pede perdão ao Santo Popular dos nordestinos.

De acordo com o documento divulgado o Padre Cícero está oficialmente anistiado de todas as punições que lhe foram impostas pelo bispo e o papa da época.

Suspenso de ordens, e não excomungado, o Padre Cícero encerrou seus últimos dias de vida, em 20 de julho de 1934.

Agora em pleno Ano Santo (2015) a Igreja se reconcilia com o Padre Cícero, pondo fim ao martírio que ele suportou até morrer.

Entrada da imagem de Padre Cícero na Sé Catedral em Crato (Foto: Reprodução/Via WhatsApp)

Saiba mais

Ordem cronológica dos acontecimentos segundo pesquisa do professor e memorialista Daniel Walker.

- 4 de novembro de 1889. Inconformado com as notícias veiculadas na imprensa sobre os milagres o Bispo Dom Joaquim envia carta a Padre Cícero na qual o proíbe expressamente de fazer qualquer manifestação pública sobre o assunto.

- 6 de agosto de 1892. Através de Portaria o bispo D. Joaquim suspende o Padre Cícero das faculdades de confessar, pregar e administrar sacramentos. Esta foi a primeira pena grave imposta oficialmente a ele como desdobramento das investigações dos fenômenos ocorridos no povoado de Juazeiro a partir de 1º de março 1889, denominados popularmente de Milagres da Hóstia.

- 13 de abril de 1896. O bispo dom Joaquim aumenta a punição ao Padre Cícero e o proíbe de celebrar Missa.

- 10 de fevereiro de 1897. O Santo Ofício  emite um novo Decreto, agora proibindo a permanência de Padre Cícero em Juazeiro, sob pena de excomunhão. Temeroso de incorrer na pena de excomunhão,  em 29 de junho de 1897 ele resolve sair do povoado e vai para Salgueiro.

- 22 de junho de 1898. Após cinco interrogatórios os cardeais do Santo Ofício decidem absolver o Padre Cícero das censuras até então impostas, mas ele permanece com a proibição de pregar, confessar e dirigir as almas e é aconselhando a procurar outra diocese.

- 5 de setembro de 1898. Após vários requerimentos enviados ao Santo Ofício para regularizar sua situação ele consegue autorização e com muita alegria celebra Missa na Capela de São Carlos em Roma. E os cardeais foram mais benevolentes ainda, pois lhe concederam também permissão para celebrar durante a viagem de volta ao Brasil.

- 15 de novembro de 1898. Padre Cícero se apresenta a Dom Joaquim em Fortaleza e lhe informa que fora absolvido em Roma. Mas o bispo, certamente insatisfeito com a decisão do Santo Ofício, foi implicante mais uma vez e não permite que ele celebre em Juazeiro.

- 12 de julho de 1916. O Santo Ofício declara o Padre Cícero incurso na excomunhão latae sententiate.

- 27 de julho de 1916.  O cardeal Merry Del Val comunica o fato oficialmente ao Núncio Apostólico, Dom José Anversa. D. Quintino, bispo do Crato, só tomou conhecimento desse documento no dia 14 de abril de 1917, portanto nove meses depois da sua publicação. E só resolveu comunicar por carta ao Padre Cícero no dia 29 de abril de 1920, portanto três anos depois. Padre Cícero não chegou a receber essa carta porque Dr. Floro foi quem a viu primeiro e diante do conteúdo exposto achou por bem não lhe entregar, pois achava que em face da avançada idade Padre Cícero não estava em condições de saúde e psicológicas para suportar tamanho baque. E foi isso mesmo que Dr. Floro informou ao bispo, conseguindo convencê-lo a não dar conhecimento da gravíssima pena de excomunhão a que padre Cícero incorreu. Dom Quintino tinha, então, um documento provando que Padre Cícero estava excomungado, mas mesmo assim deixou que ele continuasse celebrando missa fora de Juazeiro. Ele celebrava no sítio Saquinho, município do Crato.

- 1º de janeiro de 1917, estando excomungado, mas sem saber, Padre Cícero recebe autorização do bispo para celebrar Missa na capela de Nossa Senhora das Dores, onde deixara de celebrar desde o dia 6 de agosto de 1892.

- 3 de junho de 1926. Como Padre Cícero adotou a opção de permanecer em Juazeiro Dom Quintino acatando determinação do Santo Ofício o suspende novamente, retirando-lhe  o uso de ordens. Foi esta a última e definitiva punição.

- 20 de outubro. O Papa Francisco emite decreto onde a Igreja Católica Apostólica Romana pede perdão ao Padre Cícero anistiado de todas as punições que lhe foram impostas anteriormente.

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