Em um cenário positivo para o mundo, o Brasil será um dos
poucos países que terá queda real no valor dos salários em 2016, segundo
pesquisa da Korn Ferry Hay Group, empresa especializada em recursos humanos
e remuneração. De acordo com o levantamento global, os salários devem
ter avanço médio real (descontada a inflação) de 2,5%. No Brasil, diante
da crise econômica e também da escalada de preços, a previsão é que os
vencimentos dos trabalhadores recuem 1,2%.
A lista
dos países que terão perdas reais no salário no ano que vem é liderada
pela Venezuela, que convive com a hiperinflação há anos, onde os
trabalhadores deverão perder
mais da metade de seu poder de compra. Logo depois vêm Ucrânia, que
convive com uma guerra civil, e a Rússia, onde o descontrole econômico
já dura anos. Nas principais economias globais, não há sinal de crise:
tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, os salários vão crescer em
2016.
Os resultados do Brasil refletem os valores
médios de todos os salários, de acordo com Gustavo Tavares, diretor da
Korn Ferry Hay Group. Embora a maior parte das convenções coletivas
ainda possam garantir a reposição da inflação, o corpo executivo não
costuma ser coberto pelos reajustes acertados com sindicatos. "As
convenções costumam cobrir salários mais baixos, em geral de até R$ 6
mil", diz o executivo da Korn Ferry Hay Group.
Para
quem tem cargo de gestão, o aperto deverá ser ainda maior em 2016. Há
hoje um movimento de substituição de executivos com redução de salários.
As empresas que, ao longo dos anos de bonança, prepararam quadros
sucessórios nos níveis gerenciais estão conseguindo economizar na hora
da crise. "Quando o novo ocupante de um cargo de gestão é escolhido
internamente, esse profissional ganha, em média, 13% a menos do que o
antecessor", explica Tavares.
Mesmo as companhias
que agora buscam executivos de mercado estão tentando economizar, de
acordo com o sócio da consultoria em recursos humanos Exec, Carlos
Eduardo Altona. "Muitas empresas estão buscando pessoas com perfil mais
‘júnior’ no mercado para preencher posições sênior", explica.
Em
geral, as empresas vêm oferecendo salários 15% mais baixos em
comparação com o que vinham pagando. "Diria que esse movimento é mais
intenso justamente no ‘top management’ (posições de direção e
vice-presidência)", diz Altona. "São as substituições que fazem o
mercado de contratações girar hoje."
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Outra
tendência do "topo da pirâmide" é a ênfase em remuneração variável. Ou
seja: o executivo só vai receber o bônus caso realmente faça diferença
no resultado. Ao trocar de emprego, em agosto de 2015, o executivo Pedro
Alba Bayarri, de 45 anos, aceitou um pacote que lhe permitia manter a
remuneração anterior, mas com um peso maior do variável. "Hoje, o
mercado está buscando um tipo de profissional: o que pode fazer o
‘turnaround’ (reestruturação). Por sorte, eu tenho este perfil."
As
informações são do jornal O Estado de S.Paulo