O Senado
aprovou hoje (9) uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite o
repasse de verbas de emendas parlamentares individuais direto para o Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) e para o Fundo de Participação dos Estados
(FPE), a depender da destinação.
Atualmente, o município ou estado precisa
fazer convênios com bancos, geralmente a Caixa Econômica Federal (CEF), para
executar os projetos. Esse procedimento prolonga o prazo de execução e entrega
de uma obra.
A votação
foi realizada em primeiro e segundo turnos, consecutivos. Assim como foi feito
em sessão na semana passada, os senadores decidiram pela quebra de interstício
e os dois turnos de votação ocorreram na mesma sessão. Em primeiro turno, a PEC
foi aprovada por 62 a 4. Em segundo turno, 62 senadores votaram a favor e 3
contra. Agora, o projeto vai para a Câmara dos Deputados.
A medida
poderá beneficiar diretamente os gestores municipais, caso seja aprovada também
na Câmara. A votação e aprovação da proposta se deram ao mesmo tempo em que
milhares de prefeitos estão em Brasília, por ocasião da 22ª Marcha dos
Prefeitos.
O
presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou, ao final da votação, que pedirá
ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para colocar o tema na pauta de votação
ainda amanhã.
Menos
burocracia
Para a
senadora Kátia Abreu (PDT-TO), o repasse da verba diretamente para o FPE e FPM
vai acelerar a execução das obras. Segundo ela, as regras atuais fazem os
prefeitos esperar até cinco anos para receber o dinheiro. “[Com a PEC] o
custeio é menos complexo, não é necessária essa burocracia. Acabou a
burocracia, a dificuldade. E nós vamos ver a obra sendo realizada no máximo em
um ano, um ano e meio. Mais do que isso é porque o prefeito não está sendo
competente”.
Tanto
representantes do governo quanto da oposição apoiaram a aprovação da PEC. O
senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou que a proposta é favorável. “Vai ao
encontro daquilo que pregamos durante toda a campanha de menos Brasília, mais
Brasil. Essas emendas chegando direto nos municípios farão grande diferença, é
menos um intermediário”.
O senador
Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que atualmente os municípios são prejudicados
com o excesso de controle e burocracia. “Estamos sofrendo de uma doença chamada
controlismo, que acaba matando as administrações estaduais com tanto controle
para execução das obras públicas”. A PEC foi apresentada em 2015 pela então
senadora e atualmente deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Transparência
Alguns
senadores divergiram a respeito da votação da matéria no dia de hoje. Eduardo
Girão (PROS-CE) pediu uma discussão maior sobre o projeto. Para ele, a proposta
pode reduzir a fiscalização e a transparência na aplicação de recursos
públicos. “O Brasil clama por transparência, por utilização clara do dinheiro
público. Temos requerimento de mais de 15 colegas que gostariam de 30 dias para
ouvir a Caixa Econômica e o Tribunal de Contas da União, para saberem o que
pensam a respeito”.
Girão e
Jorge Kajuru (-GO) tentaram, na reunião de líderes ocorrida na tarde de hoje,
evitar a colocação do assunto em pauta hoje, mas foram votos vencidos. O relator
da PEC no plenário, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), rejeitou a ideia de que a
aplicação de recursos poderá perder a transparência. “Haverá plena e absoluta
fiscalização dos órgãos próprios. O que estamos fazendo é desburocratizando,
simplificando, tirando desta relação um ente que cobra valores altíssimos para
fiscalizar”. O senador mineiro frisou que os Tribunais de Contas estaduais
continuarão fiscalizando a gestão dos recursos.
Agência
Brasil
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