O governo propôs, nesta segunda-feira, um salário mínimo de R$ 1.040 em
2020. O número foi fechado tomando como base um reajuste sem ganho real para os
trabalhadores. A opção foi estabelecer apenas a inflação medida pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) como parâmetro para a correção do piso
nacional em 2020, o que ajuda a controlar as contas públicas, como antecipou o
GLOBO.Hoje, o salário mínimo está em R$ 998. A atual fórmula de cálculo do
reajuste foi fixada em 2007 e leva em conta o resultado do Produto Interno
Bruto (PIB) de dois anos antes mais a inflação do ano anterior, medida pelo
INPC.
Isso garantiu, nos momentos de crescimento da economia, que o ganho do
salário mínimo superasse a inflação, ajudando a reduzir desigualdades e
estimulando o consumo das famílias. A regra, no entanto, também fez aumentar as
despesas públicas acima da inflação nos últimos anos, o que contribuiu para a
piora do resultado das contas do governo.
As estimativas são que cada R$ 1 de aumento no salário mínimo represente
uma eleveção de cerca de R$ 300 milhões nas desespas do governo federal.
O governo precisa colocar a previsão do reajuste do mínimo no projeto de
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do próximo ano porque o piso nacional é
referência para o pagamento de benefícios previdenciários, assistenciais e
trabalhistas. Mais de 65% dos benefícios pagos pelo INSS em janeiro de 2019
possuíam valor de um salário mínimo, o que representa um contingente de 22,9
milhões de pessoas.
Dados da antiga Fazenda apontam que, se for mantida a regra de reajuste
do mínimo nos anos seguintes, a medida poderia gerar uma economia de R$ 69
bilhões em três anos, a partir de 2020. O alívio nas contas é explicado pelo
fato de a maior parte das aposentadorias do regime geral estar vinculada ao
mínimo, assim como os benefícios assistenciais e trabalhistas.
O teto do INSS, o Benefício de Prestação Continuada (BPC, pago a idosos
pobres e pessoas com deficiência de qualquer idade) e o abono salarial são
vinculados e seguem o mínimo.
O Globo
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