Os dados foram tabulados pelo Instituto Unibanco a partir de bases do IBGE e do Ministério da Educação.
O levantamento considera negros todos os que declaram preta ou parda a cor de sua pele. Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), no ano passado 51% da população de 15 a 17 anos nesse grupo estava no ensino médio. Dez anos antes, esse índice era de 34%.
O fator que mais explica esse avanço, segundo o instituto, é a redução da reprovação e da evasão dos negros no ensino fundamental.
Em 2001, 53% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estavam na educação fundamental. Agora, são 32%.
"Aumentou a conscientização sobre os prejuízos que a reprovação causa", diz o superintendente executivo do instituto,
O aluno reprovado tende a ter notas menores na trajetória escolar e mais chances de desistir dos estudos.
Para Henriques, mesmo sem políticas específicas para alunos negros, eles foram mais beneficiados porque estavam mais defasados.
Já para o ministro Aloizio Mercadante (Educação), as matrículas de negros no ensino médio aumentaram devido ao Fundeb (fundo nacional de
Diretor da ONG Educafro (que defende maior inclusão dos negros), frei David Santos diz que as cotas em universidades incentivam a entrada e permanência dos negros no ensino médio.
Apesar do avanço, a população negra ainda está em desvantagem na educação. O índice de 51% de jovens no ensino médio já havia sido alcançado pelos brancos em 2001 (atualmente, 65% estão nessa etapa de ensino).
POPULAÇÃO
A população que se classifica como preta ou parda cresce mais do que a branca, segundo a Pnad. Como o levantamento considera a autodeclaração, não é possível identificar com precisão o que é fruto da fecundidade ou de mudança de declaração.
Ainda assim, o aumento da presença dos jovens negros no ensino médio é superior ao crescimento da população preta e parda (56% ante 13% em dez anos).
NOTAS
Uma constatação negativa que os dados oficiais revelam é que tanto brancos quanto negros estão piores hoje do que em 1995 em língua portuguesa e matemática no ensino médio.
O levantamento do Instituto Unibanco aponta que a média em português caiu de 292 para 269 entre os brancos na avaliação nacional; entre os negros, de 278 para 254.
O dado mais recente é de 2013. Especialistas apontam que 300 é a nota mínima considerada ideal.
"Não estamos entregando o que precisamos no ensino médio", afirma o vice-presidente do Consed (conselho dos secretários estaduais de Educação) Rossieli Soares da Silva. Os Estados são os responsáveis por essa etapa.
Silva diz que a entidade finaliza proposta para melhoria do ensino médio, que prevê mais autonomia à
A ideia é que em parte do currículo o colégio possa, por exemplo, oferecer ao aluno ensino técnico, ligado à economia local; ou ênfase em uma área do ensino. "O aluno tem de se identificar com a escola", diz o secretário.
"As médias não são o que desejamos. Mas, por outro lado, os negros têm tido mais acesso ao ensino superior, com as cotas, Prouni e Fies", diz Mercadante.
DILMA
A presidente Dilma Rousseff reconheceu nesta quinta-feira (19) que o país ainda deve avançar na igualdade de oportunidades entre brancos e negros e defendeu a ampliação do atual sistema de cotas nas universidades federais e no setor público.
Em discurso em comemoração ao Dia da Consciência Negra, a petista afirmou que a pobreza no país sempre teve como cor predominante a negra e que a garantia de direitos iguais para as diferentes etnias será uma diretriz de seu segundo mandato.
No evento, promovido no Palácio do Planalto, a presidente entregou títulos de posse e concessão de territórios a comunidades quilombolas em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pernambuco.
Fonte: Folha.com