O Ministério da Saúde informou que uma das suspeitas é de
que a microcefalia esteja relacionada com o Zika Vírus. A situação de
emergência na saúde permite, por exemplo, que sejam contratados médicos e
comprados medicamentos sem licitação. Além de Pernambuco, Rio Grande do
Norte e Paraíba também possuem notificações da doença, mas em menores
proporções.
Chegando ao Rio, o paciente seria encaminhado para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz, em Manguinhos, referência nacional para casos de Ebola. Uma equipe do Distrito Federal composta por dois médicos e um enfermeiro ficou responsável pela transferência e acompanhará o paciente durante a bateria de exames para confirmar ou descartar a infecção.
Hoje, os especialistas do INI/Fiocruz esperam colher amostra de sangue para análise em laboratório. O resultado, que deve sair em até 24 horas, pode descartar a suspeita de infecção. Se der negativo, um novo exame será realizado 48 horas depois e, de novo, o resultado deverá sair em mais 24 horas. Com isso, a conclusão de todo o processo de exames do paciente deveria ocorrer só na próxima semana.
Coube ao ministro da Saúde, Marcelo Castro, tranquilizar a população. “Tomamos todas as providências cabíveis para evitar qualquer problema. Assim que tivermos o resultado do primeiro exame, iremos fazer nova comunicação com os próximos passos que serão adotados, em caso de resultado positivo e negativo”, afirmou.
Segundo informações da Saúde, o homem só foi encaminhado ao instituto no Rio porque voltou de um país onde há um surto da doença. Para o infectologista Alberto Chebabo, do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), porém, não é possível descartar que pessoas expostas ao contato com o paciente também possam estar infectadas. “A recomendação é para que essas pessoas procurem atendimento médico ao primeiro sinal dos sintomas e evitem aglomerações”, frisou.
Segunda suspeita de Ebola em pouco mais de um ano
Há pouco mais de um ano, o Rio recebeu outro caso de suspeita de infecção pelo Ebola. Em outubro de 2014, um africano, de 47 anos, internado em Cascavel, no Paraná, apresentou quadro de febre alta e hemorragia e também precisou ser transferido para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, em Manguinhos. A doença foi descartada em menos de uma semana.
Natural da Guiné, na África — mesmo país visitado pelo brasileiro de 46 anos transferido de Minas Gerais —, a suspeita de infecção de Souleymane Bah, porém, foi descartada nos dois exames realizados para testar se o africano internado estava infectado.
Dos países africanos onde o Ebola assolou a população, apenas a Guiné ainda permanece em quadro de surto, embora nunca tenha sido afetada em tal proporção como Libéria e Serra Leoa.
No último sábado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que Serra Leoa, onde a doença matou cerca de quatro mil pessoas, estava livre do Ebola. Foram 42 dias sem nenhum novo caso. Libéria também foi declarada livre da enfermidade no dia 3 de setembro.
Em outubro deste ano, outras duas pessoas contraíram Ebola na Guiné, passadas duas semanas sem novos casos confirmados da doença na África Ocidental, segundo informações da OMS.
Além das perdas humanas, a epidemia teve um efeito devastador sobre a economia dos países africanos, que também sofrem com guerras civis.
Anomalia em bebês pode ter relação com o Zika Vírus
Transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes Aegypit, o Zika Vírus chegou ao Brasil no início do ano e se torna o principal suspeito de causar a microcefalia por causa do período dos registros da doença: as gestantes que contraíram o vírus em fevereiro, nove meses depois, teriam seus filhos com o problema.
No mês de maio, foi confirmado o primeiro caso do vírus no Rio. A Secretaria estadual de Saúde, porém, informou que não possui estatísticas do número de casos de Zica nos municípios, já que a notificação de suspeitas não é obrigatória.
As principais causas da microcefalia são doenças infecciosas, como rubéola e toxoplasmose. Segundo o diretor geral do Instituto de Pediatria da UFRJ, Edmilson Migowski, doutor em Infectologia, outros fatores são deficiências na alimentação da mãe ou fatores genéticos. “O problema é que estes dois fatores não são suficientes para aumentar taxa de incidência de maneira tão expressiva. Por isso, uma causa infecciosa é uma hipótese bastante razoável”, explica.
Para Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, ainda é cedo para confirmar o Zika como vilão: “A coincidência temporal chama atenção mas, por enquanto, é apenas uma possibilidade”. Ele explica que o fato de não se restringir a uma única cidade indica que a causa do surto não foi ambiental. “Essa dispersão torna pouco provável que seja decorrente de exposição a algum tipo de agente local, químico ou biológico”.
Fonte: IG