O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, afirmou na tarde desta
segunda-feira (4) que o MEC já esgotou a verba de 2015 para novos
contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Ele disse que a
abertura de uma segunda edição do programa, no segundo semestre deste
ano, não está garantida, e explicou que, no caso dos estudantes que não
puderam se inscrever no primeiro semestre, seria "inútil" reabrir as
inscrições, que foram encerradas na última quinta (30). Segundo o MEC, o
montante destinado para novos contratos do Fies neste ano era de R$ 2,5
bilhões.
No mesmo dia, a Justiça Federal de Mato Grosso
determinou que esse prazo fosse prorrogado por tempo indeterminado, para
garantir que estudantes que tiveram problemas técnicos com o site
pudessem se inscrever. "Entendemos que, não havendo mais recursos, a
reabertura do sistema seria meio inútil. De qualquer forma, nós ainda
não fomos notificados, mas vamos recorrer", afirmou ele em entrevista
coletiva em Brasília.
Apesar da decisão judicial, desde que o
sistema foi fechado para novos contratos, após a quinta-feira, ele não
voltou a ser reaberto. No site aparece o frase "o prazo para inscrição
no Fies encerrou dia 30.4.2015". Para quem já tem contrato, a renovação
pode ser feita até 29 de maio.
Sobre a possibilidade de abrir o
Fies para novos contratos no segundo semestre, Janine disse que ainda
não sabe o que vai ocorrer. "Depende da disponibilidade orçamentária",
disse. "Estamos trabalhando nisso, mas não podemos prometer algo que não
temos certeza."
Segundo o secretário-executivo do MEC, Luiz
Cláudio Costa, a verba do Fies para novos contratos neste ano é de R$
2,5 bilhões. Ele afirmou que, "mesmo em ano de ajuste fiscal, há
compromisso do governo com a educação".
Metade da demanda atendida
No
primeiro semestre de 2015, o Fies teve um total de 252.442 novos
contratos com o processo concluído pelo site oficial. "Esse número pode
mudar porque haverá casos, talvez, de alunos que não cumprem requisitos,
quando forem ao banco. Pode haver queda, mas acreditamos que pode ser
muito pequena", explicou o ministro.
No total, o sistema recebeu
cerca de 500 mil pedidos de novos contratos, uma demanda maior que no
ano passado, segundo Luiz Cláudio, quando foram cerca de 480 mil
candidatos.
"Na próxima edição, queremos que todos saibam quantas
vagas serão. Ele vai saber que o curso X na instituição X tem tantas
vagas. Ele vai concorrer de forma transparente pela sua nota do Enem",
explicou Costa.
´Erro M321´
A principal
reclamação dos estudantes que tentaram um novo contrato foi o "erro
M321" no sistema. "Tivemos um personagem chamado erro M321. Houve uma
comunidade no Facebook reclamando desse erro. Foi falha nossa colocar
esse número. O M321 na maior parte dos casos era: acabou o número de
vagas neste curso. Nós mandamos substituir por ´não há mais vagas para
este curso´. Houve uma parte de queixas que foi fruto de a nossa
comunicação não ser clara ou de pessoas quererem um curso que estava
esgotado", reconheceu Janine.
Costa disse, porém, que as
instituições de ensino que informaram aos estudantes ainda ter vagas
disponíveis no Fies, mesmo após o estudante encontrar esse erro,
passaram uma informação incorreta.
As instituições, de acordo com
o secretário, divulgam as vagas que estão autorizadas a oferecer pelo
governo federal, mas até este semestre o MEC não abre um número
determinado anteriormente de vagas por instituição. "A instituição diz
que tem vaga, e claro que tem, ela tem um número X de vagas liberadas
pra ela pelo nosso sistema de supervisão", explicou. "No Fies nunca
houve vaga disponibilizada para a instituição. Está claro no edital do
Fies que depende da disponibilidade orçamentária."
Costa lembrou
que as instituições podem oferecer outros programas de financiamento,
mas que o Fies, como política pública, é determinado pelo governo
federal.
Aditamentos
Até o momento,
148.757 aditamentos não foram iniciados pela instituição. "Da nossa
parte, deixamos claro que aditaremos todos os financiamentos. Todos
casos de renovações nós financiaremos o aluno. O aluno pode completar o
processo dele e vamos negociar com instituição", disse Janine. No fim de
2014, o Fies acumulava cerca de 1,9 milhão de contratos vigentes.
Financiamentos pagos
Janine
lembrou, porém, que há contratos de financiamento que já estão na fase
de retorno (quando termina o prazo do financiamento e o estudante, já
formado, começa a pagar a dívida). "Os financiamentos já estão começando
a ser pagos. O sistema se auto alimentará. À medida que os alunos que
já se formaram forem pagando, esse recurso estará alimentando o
pagamento de novos financiamentos. Provavelmente ainda haverá aporte da
União de aporte novo para ampliar", explicou ele
A
sustentabilidade financeira do programa, porém, ainda deve levar "alguns
anos", segundo ele. "O sistema tem a vantagem de que conseguirá se
manter [com os recursos que são pagos após a conclusão dos cursos]. Isso
não é para amanhã, mas dentro de alguns anos teremos isso", disse
Janine.
Qualidade dos cursos
De acordo
com o ministro, o critério de qualidade dos cursos aplicado pelo MEC
nesta edição do Fies fez com que o número de contratos do Fies de
financiamento de cursos avaliados com a nota 5 nos indicadores do
governo federal aumentasse de 8% para 20%. "Os critérios atuais tiveram
resultado bom", considerou ele. O ministro destacou o crescimento do
percentual de alunos financiados em cursos nota 5 em relação a 2014
(veja na tabela ao lado).
"Os cursos nota 5 passou de 8 a 20% do
total de cursos. Temos agora cerca de 50 mil financiados pelo Fies que
estão em cursos muito bons, nota 5. Pelo critério anterior, teríamos
apenas 20 mil", destacou Janine Ribeiro.
Plataforma integrada
O
ministro anunciou também que o MEC vai integrar as plataformas dos
programas do Ministério da Educação para o acesso ao ensino superior.
Atualmente, todos os semestres os estudantes podem participar de três
processos seletivos: o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Programa
Universidade para Todos (Prouni), e o Fundo de Financiamento Estudantil
(Fies). "Hoje em dia são três plataformas. Nós pretendemos integrá-las, o
que facilitará a vida do estudante", afirmou ele em entrevista coletiva
sobre o Fies.
Janine Ribeiro lembrou que, pelo Sisu, o MEC
preencheu 205.514 vagas em universidades públucas. Já pelo Prouni foram
213.113 bolsas de estudo em instituições privadas. No total, os três
programas envolvem 671.069 vagas no ensino superior.
Cursos mais procurados
Segundo
o MEC, os cinco cursos mais procurados neste semestre no Fies foram
engenharia, com 46.981 inscrições, direito, com 42.727 inscrições,
enfermaria, com 16.770 inscrições, administração (15.796) e psicologia
(12.770).
Fonte: G1
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