O Papa Francisco celebrou ontem (24) na igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma, para a Santa Missa em ação de graças pela canonização do ‘Apóstolo do Brasil’, São José de Anchieta.
O sacerdote jesuíta, fortemente ligado à evangelização do povo brasileiro e à fundação da cidade de São Paulo, foi proclamado santo no dia 3 de abril por meio de um decreto papal. Em agradecimento ao Sumo Pontífice, o Bispo de Tenerife (Espanha), cidade natal do santo jesuíta, Dom Bernardo Álvarez, recordou que a canonização não é baseada em um milagre recente do beato, e que o decreto assinado pelo Santo Padre “reconhece as virtudes heroicas e a trajetória apostólica, missionária e humanizadora do Padre José de Anchieta”.
Durante a 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no dia 4 de maio, será celebrada a Santa Missa em ação de graças pela canonização do beato, no Santuário Nacional de Aparecida, na cidade de Aparecida (SP).
Padre Anchieta se tornou o segundo santo a ter vínculos com o Brasil, pois, embora não tenha nascido em solo brasileiro, estaleceu-se aqui em missão até o fim de seus dias. A segunda santa que tem forte ligação com a nação brasileira é Santa Paulina, proclamada santa em 2002. Ela nasceu na Itália em 1865 e chegou ao Brasil em 1875, onde exerceu sua missão e permaneceu até sua morte em 1942. Frei Galvão, o único santo brasileiro, nasceu em Guaratinguetá (SP) em 1739 e foi proclamado Santo Antônio de Sant’Ana Galvão em 2007, quando o Papa Bento XVI veio ao Brasil para sua canonização.
José de Anchieta nasceu em 1534, na Espanha. Ingressou na Companhia de Jesus e, ao se tornar um padre jesuíta, veio para o Brasil, em 1553, como missionário. Em 1554, chegou à Capitania de São Vicente, onde, junto com o provincial do Brasil, padre Manoel da Nóbrega, fundou a cidade de São Paulo.
Ao longo dos anos, percorreu o litoral de Cananeia, no sul de São Paulo, até o Recife, no Pernambuco, para acompanhar as várias missões que os jesuítas tinham no Brasil. Durante sua trajetória, deu atenção especial aos pobres e doentes, aos grupos indígenas ameaçados pelos colonizadores e pelos primeiros brasileiros e aos negros escravizados. José de Anchieta morreu no dia 9 de junho de 1597, sendo reconhecido como o “Apóstolo do Brasil” por sua importante contribuição à formação humana e religiosa ao país.
Rádio Vaticano
O Papa Francisco celebrou no final da tarde desta quinta-feira (24), na Igreja de Santo Inácio de Loyola, centro de Roma, uma Missa de Ação de Graças pela Canonização do Pe. José de Anchieta. O decreto que elevou o Apóstolo do Brasil à glória dos altares foi assinado pelo Pontífice no último dia 3 de abril. Com uma significativa presença de fiéis e religiosos brasileiros residentes em Roma, a celebração teve a participação também de autoridades civis e da Igreja no Brasil. A seguir, a homilia do Santo Padre:
Queridos irmãos e irmãs,
Nesta quinta-feira da Oitava da Páscoa, em que a luz do Cristo Ressuscitado nos ilumina com tanta clareza, demos graças a Deus também por São José de Anchieta, o apóstolo do Brasil, recentemente canonizado. É uma ocasião de grande alegria espiritual.
Queridos irmãos e irmãs,
Nesta quinta-feira da Oitava da Páscoa, em que a luz do Cristo Ressuscitado nos ilumina com tanta clareza, demos graças a Deus também por São José de Anchieta, o apóstolo do Brasil, recentemente canonizado. É uma ocasião de grande alegria espiritual.
No Evangelho que acabamos de ouvir os discípulos não conseguem acreditar tamanha a alegria. Olhemos a cena: Jesus ressuscitou, os discípulos de Emaús contaram sua experiência, e depois o próprio Senhor aparece no Cenáculo e lhe diz: "A paz esteja convosco". Vários sentimentos irrompem no coração dos discípulos: medo, surpresa, dúvida e, finalmente, alegria. Uma alegria tão grande que "que não conseguiam acreditar" – diz o Evangelista. Estavam atônitos, pasmos, e Jesus, quase esboçando um sorriso, lhes pede algo para comer e começa a explicar-lhes, aos poucos, a Escritura, abrindo o entendimento deles para que possam compreendê-la. É o momento do estupor, do encontro com Jesus Cristo, em que tanta alegria não parece ser verdade; mais ainda, assumir o regozijo e a alegria naquele momento nos parece arriscado e sentimos a tentação de refugiar-nos no ceticismo, no "não exagerar". É um relativizar tanto a fé que acaba por distanciar-nos do encontro, da carícia de Deus. É como se "destilássemos" a realidade do encontro no alambique do medo, da segurança excessiva, do querer nós mesmos controlar o encontro. Os discípulos tinham medo da alegria... e também nós.
A leitura dos Atos dos Apóstolos fala-nos de um paralítico. Ouvimos somente a segunda parte da história, mas todos conhecemos a transformação deste homem, entrevado desde o nascimento, prostrado na porta do Templo a pedir esmola, sem jamais atravessar a soleira, e como seus olhos se fixaram nos apóstolos, esperando que lhe dessem algo. Pedro e João não podiam dar-lhe nada daquilo que ele buscava: nem ouro, nem prata. E ele, que sempre permaneceu na porta, agora entra com seus pés, pulando e louvando a Deus, celebrando suas maravilhas. E sua alegria é contagiosa. Isso é o que nos diz hoje a Escritura: as pessoas estavam cheias de estupor, e maravilhadas acorriam, e em meio àquela confusão, àquela admiração, Pedro anunciava a mensagem. Porque a alegria do encontro com Jesus Cristo, aquela que nos dá tanto medo de assumir, é contagiosa e grita o anúncio; porque "a Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração"; a atração testemunhal que nasce da alegria aceita e depois transformada em anúncio. É uma alegria fundada. É uma alegria apostólica, que se irradia, que se expande. Pergunto-me: Sou capaz, como Pedro, de sentar-me ao lado do irmão e explicar lentamente o dom da Palavra que recebi? Sou capaz de convocar ao meu redor o entusiasmo daqueles que descobrem em nós o milagre de uma vida nova, nascida do encontro com Cristo?
Também São José de Anchieta soube comunicar aquilo que tinha experimentado com o Senhor, aquilo que tinha visto e ouvido d'Ele; e essa foi e é a sua santidade. Não teve medo da alegria.
São José de Anchieta tem um hino belíssimo dedicado à Virgem Maria, a quem, inspirando-se no cântico de Isaías 52, compara com o mensageiro que proclama a paz, que anuncia a alegria da Boa Notícia. Que Ela, que naquele alvorecer do domingo insone pela esperança, não teve medo da alegria, nos acompanhe em nosso peregrinar, convidando todos a se levantarem, para entrar juntos na paz e na alegria que Jesus, o Senhor Ressuscitado, nos promete.
Agências Nacionais,
Nenhum comentário:
Postar um comentário