Além dos remédios e bastante repouso, o Whatsapp foi um dos principais companheiros diários da psicóloga Ilma Queiroga, 66, nas últimas semanas. Ela se recupera de uma fratura na perna e é pelo aplicativo que troca mensagens com o ortopedista para esclarecer dúvidas e discutir seu quadro.
Essa é apenas uma pequena amostra de como a conectividade vem mudando de maneira significativa o mercado de saúde e a relação médico-paciente. Segundo o site Doutíssima, já estão disponíveis no mercado mais de 100 mil aplicativos para smartphones voltados para a área, e o potencial de crescimento pode chegar a 11 vezes nos próximos cinco anos.
“A troca de informações se dava ao menos uma vez ao dia. Além disso, minha fisioterapeuta enviava dicas e fotos para acompanhamento do caso. É quase um pronto-socorro virtual, porém, uma ‘consulta virtual’ não deve ultrapassar o limite da troca de informações”, conta a psicóloga que também faz uso da tecnologia no seu ambiente profissional.
“Uso mensagens e e-mails para atender a pedidos de ajuda e reforçar orientações e conselhos dados em consulta presencial. Isso traz ganho para o paciente, na medida em que o faz se sentir amparado a qualquer momento. É um beneficio a tecnologia permitir isso”, afirma.
Segundo Otaviano de Oliveira, ortopedista que acompanha Ilma, a relação médico-paciente tradicional, baseada principalmente no atendimento direto da consulta presencial e com tempo necessário para uma boa conversa e um bom exame físico nunca vai mudar.
“Sou um pouco conservador em relação a mídias sociais e a internet, mas acabei tendo que me render aos benefícios. O que vemos agora é que a tecnologia nos auxilia muito na comunicação posterior evitando deslocamentos desnecessários e facilitando o intercâmbio de informações”, pondera.
EGO - “Grande entusiasta do uso de novas tecnologias” é como o próprio neurocirurgião Sergio Amaral se autointitula. Usuário de diversos aplicativos, ele avalia que a resistência de alguns médicos com pacientes já chegam aos consultórios munidos de informações que encontram na rede, e de pacientes que acham que toda informação online é verdadeira podem ter estragado a relação em algum momento, mas nem tudo está perdido.
“Existe um fator a ser levado em consideração, que é o ego do profissional de saúde. Culturalmente, o médico sempre foi o único detentor do conhecimento sobre saúde e muitos colegas não veem essa atitude (dos pacientes) com bons olhos. O papel do médico é de esclarecer o paciente e decidir junto com ele sobre o caminho ou tratamento a ser adotado”, afirma o neurocirurgião que acredita ser necessária uma campanha de esclarecimento com formas de validar sites que possuam informação técnica de qualidade.
“Penso que é questão de tempo para todos se adaptarem a essa nova realidade e aprenderem a usar essa maravilhosa ferramenta que é a tecnologia”, acredita Amaral.
Fonte: O Tempo
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