O Ministério Público do Rio Grande do Norte ajuizou ação por improbidade administrativa contra a governadora Rosalba Ciarlini, o ex-secretário estadual de Saúde, Domício Arruda, o procurador do Município Alexandre Magno de Azevedo e outras 14 pessoas. Esta é a terceira ação por improbidade administrativa contra a governadora em pouco mais de um mês. Desta vez, o processo trata de irregularidades na contratação de Organizações Sociais para administrar o Hospital da Mulher, em Mossoró.
Rinaldo Reis aponta irregularidades constatadas no procedimento do Ministério Público |
Assinada pelo procurador-geral de Justiça,
Rinaldo Reis Lima, a ação ainda cita a Associação Marca e oito empresas
envolvidas no suposto esquema fraudulento que desviou de R$ 11,9 milhões
dos cofres públicos, entre março e abril de 2012. A ação requer que seja
decretada, em caráter liminar, a indisponibilidade dos bens dos 26 réus
até o limite de R$ 11.960.509,00 referente ao prejuízo causado aos cofres
públicos.
Caso seja condenada, a governadora poderá ter os
direitos eleitorais suspensos, além de ser obrigada a ressarcir o erário.
A peça revela que a contratação da Associação
MARCA pelo governo do Estado, mediante dispensa de licitação, sob a alegação de
situação emergencial “forjada”, foi direcionada pela governadora e pelo
Secretário de Saúde Domício Arruda, e intermediada pelo advogado Alexandre
Magno de Azevedo, cedido pelo Município ao Estado exclusivamente para atuar na
“terceirização dos serviços de saúde”.
“Tudo foi motivado pelo interesse da governadora
em implantar e executar, em seu governo, a terceirização de determinados
serviços de saúde, a qualquer custo e com ofensa ao princípio da
impessoalidade”, diz o texto.
Para os promotores do Patrimônio Público ficou
evidenciado que “a sangria ocorrida nos cofres públicos do Estado decorreu
diretamente da maneira como se processou a contratação da Associação MARCA, por
meio de tratativas obscuras realizadas nos bastidores da administração pública
Estadual, em proveito da Associação, em escolha pessoal feita pela governadora
Rosalba Ciarlini e Domício Arruda”.
A
terceirização da administração do Hospital da Mulher vinha sendo tratada, desde
meados de 2011, nove meses antes da contratação emergencial, formalizada
em 29 de fevereiro de 2012. “O estado de emergência alegado para balizar a
contratação, gerado pela própria ineficiência do governo com a assistência
médica em Mossoró, foi instrumentalizado para justificar o desejo da
Governadora”.
Com a
assinatura do Termo de Parceria, Ciarlini suplementou recursos orçamentários de
quase R$ 16 milhões – valor superior ao total dos investimentos em saúde
do Estado em todo o ano de 2011, segundo TCE.
O
processo decorre da Operação Assepsia, que investigou esquema fraudulento
semelhante no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde de Natal.
No
processo, o Ministério Público apresenta como provas principais o relatórios do
Tribunal de Contas do Estado e da auditoria interna realizada pela Comissão da
Sesap à época da denúncia, além de escutas telefônicas e mensagens eletrônicas,
interceptados por decisão judicial durante a Operação Assepsia, compartilhada
nesta investigação, além de investigação feita pela Promotoria de saúde de
Mossoró.
Cronologia
2011
DEZEMBRO
Assessoria
da Secretaria estadual de Saúde Pública envia ofício à Assessoria Jurídica no
qual solicita a elaboração de minuta para contratação de Organização
Social.
2012
FEVEREIRO
A Marca
encaminha proposta de Gerenciamento e Gestão do Hospital da Mulher, em Mossoró,
mediante convite formalizado pela Sesap.
Despacho do então secretário estadual de Saúde
Domício Arruda autoriza o envio de convite para, ao menos, três instituições,
dando prazo de sete dias para formalização de interesse.
Assinatura do Termo de Parceria pelo secretário
Domício Arruda e pela diretora da Associação Marca, Elisa Andrade.
MARÇO
Ministério
Público Estadual abre inquérito civil para apurar denúncia do Conselho Estadual
de Saúde que apontou falhas no Termo de Parceria assinado entre a Secretaria
de Saúde e a Marca.
Inauguração do Hospital da Mulher. No mesmo dia,
três empenhos que somam R$ 5,4 milhões são liberados pelo secretário Domício
Arruda.
O juiz Luiz Alberto Dantas Filho, da 5ª Vara da
Fazenda Pública da comarca de Natal decretou intervenção do Hospital da Mulher
Parteira Maria Correia, em Mossoró.
AGOSTO
O Estado
fica proibido de renovar a parceria com a Marca;
Durante audiência de conciliação em Mossoró, o
juiz autoriza a Secretaria de Saúde a prorrogar o contrato com a Marca por 90
dias.
SETEMBRO
Governo
do Estado publica um decreto por intermédio do qual qualifica o Inasa a firmar
contrato para gerir o hospital.
OUTUBRO
Governo
publica homologação da Inase como vencedor do edital no valor contratual mensal
de R$ 2,3 milhões
O Ministério Público abre inquérito para apurar a
legalidade do novo contrato.
Governo
assina o contrato com a Inasa, que assume a gestão do Hospital da Mulher
NOVEMBRO
Auditores
da Secretaria de Saúde apontam desvios de recursos na gestão do hospital no
periído da Marca.
2013
JANEIRO
Inasa
pede na Justiça que o contrato com o Governo seja rescindido por falta de
pagamento;
MARÇO
Novamente
a Inasa pede a rescisão.
Abril
Justiça
determina intervenção no hospital.
2014
Abril
MP ajuíza
ação de improbidade contra a governadora, o ex-secretário de Saúde Domício
Arruda e mais 15 pessoas por ilegalidades no Hospital da Mulher em Mossoró.
Tribuna
do Norte
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