Sempre
que os palmeirenses se lembrarem da vitória por 3 a 0 sobre o São Paulo no
Paulistão de 2015, eles vão pensar que poderia ter sido mais. O placar moral
foi de uns 5 a 0. Com grande atuação de Dudu, Robinho e Rafael Marques, autor
de dois gols, o Palmeiras venceu o seu primeiro clássico no ano com uma
autoridade ímpar e colocou em xeque o futuro imediato do rival. A única
desculpa do São Paulo foi à expulsão de Toloi no início, mas o time não venceu,
nem fez gol em clássicos.
A defesa
do São Paulo entregou o ouro logo de cara. Na data redonda de seu 1200.º jogo,
Ceni devolveu a bola nos pés de Robinho, aos 3. O meia teve presença de
espírito e fez um belo gol por cobertura. Golaço. Vale replay até na palavra.
Golaço.
Cinco
minutos depois, Dudu foi esperto e provocou o zagueiro Toloi. O beque deu de
volta, e o árbitro viu. Por causa do revide, levou cartão vermelho.
Existem
situações em que um time com dez consegue correr pelo ausente. Com o São Paulo,
foi o contrário. Poucas vezes um time com um a menos se desmontou de um jeito
tão irreversível, como um castelo de areia. Antes dos dez minutos, o clássico
estava decidido.
Existem situações
em que um time com dez consegue correr pelo ausente. Com o São Paulo, foi o
contrário. Poucas vezes um time com um a menos se desmontou de um jeito tão
irreversível, como um castelo de areia. Antes dos dez minutos, o clássico
estava decidido.
Muricy tentou a
gambiarra de escalar Hudson na zaga e inventou em Ganso um volante. Depois,
colocou Edson Silva no lugar de Pato - ele entrara? Vale lembrar que Alan
Kardec foi escalado no lugar de Luis Fabiano, fora por causa de uma lesão
muscular. Seis por meia dúzia, ou melhor, zero por zero. Sem a bola - o meio
não existiu - nenhum atacante teria vida boa.
Problemas na
marcação da direita, falta de criatividade na esquerda. Era o Palmeiras que
tinha 13 em campo. A tática do São Paulo era tocar de lado e rezar para a
poeira assentar. Repetia-se o vareio que o time levou do Corinthians na estreia
na Libertadores.
A poeira só
aumentou. As chances do Palmeiras foram se somando de acordo com os ponteiros
do relógio. Aos 15, Rogério fez duas defesas seguidas, redenção vã da lambança
inicial. Aos 23, Rafael Marques redigiu a crônica de uma morte anunciada.
Depois de belo passe de Dudu, o atacante ajeitou e marcou. Mais que a soma das
individualidades, o Palmeiras pensa e se move como um só. É um time.
Não foi apenas o
jogo de um time só, mas também de uma torcida só. Indignada com os R$ 200
cobrados pelo ingresso, a torcida organizada do São Paulo fez um boicote. Menos
de 200foram à arena e acabaram soterrados pelo coral verde, metáfora da própria
partida.
Existia algo de
subjetivo na superioridade alviverde. Não foi só por causa de Toloi expulso. O
Palmeiras tinha uma vontade aguda de encerrar a "zica" de não vencer
clássicos, simples assim. Não houve intervalo, ou seja, os donos da casa
começaram do ponto em que pararam. O jogo só existia à frente da zaga do São
Paulo. Aos 7, Zé Roberto cruzou e Rafael Marques fez o terceiro, de primeira.
Os lances se
seguiram perigosos, principalmente depois que Michel Bastos foi expulso aos 33,
mas o Palmeiras tirou o pé e curtiu o “olé” da torcida. Os oito são-paulinos
que sobraram como visitantes - deu para contar no dedo - soltaram os ombros de
alívio quando o árbitro Vinícius Furlan pôs o fim a uma noite inesquecivelmente
triste.