Brasília - O ministro da Educação, Cid Gomes, já deixou o
cargo após discutir com deputados e acusar o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PDMDB-RJ), de estar entre os "achacadores" a quem havia se
referido há algumas semanas. O governo foi surpreendido pelo tom adotado pelo
ministro em audiência na Câmara. A presidente Dilma Rousseff está com o
ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, no Palácio do Planalto.
A demissão de Cid Gomes
foi anunciada por Eduardo Cunha no plenário da Câmara. A assessoria pessoal de
Cid Gomes confirmou ao Estado a
demissão
Na hora do comunicado
de Cunha, houve alguns aplausos no plenário. Cid Gomes havia participado de
tumultuada sessão para esclarecer declaração em que havia afirmado que havia
"300 ou 400 achacadores" no Congresso. A sessão virou um bate-boca
generalizado e o ministro foi chamado de palhaço.
Mais cedo durante a
sessão, o ministro chegou a afirmar que os parlamentares da base do governo que
não votam de acordo com a orientação do Planalto devem "largar o
osso" e ir para a oposição.
O episódio causou
grande alvoroço e, no final de seu discurso, o ministro disse, apontando para o
presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que preferia ser chamado de mal-educado do
que de achacador.
Após a fala do
ministro, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ),
pediu que Cid Gomes deixasse o cargo.
Questionado sobre a
ameaça, Cid Gomes jogou a responsabilidade para Dilma. "Muito bem. A
presidenta resolverá o que vai fazer. O lugar é dela, sempre foi dela e eu
aceitei para servir porque acredito nela", afirmou, ao sair da tumultuada
sessão da Câmara dos Deputados.
Cid acusou Cunha de "achacador" e bate-boca com
deputados ao longo da sessão para a qual fora convocado justamente para
explicar declarações de que havia "400, 300 achacadores" na
Câmara.
O líder do PMDB,
Leonardo Picciani (RJ), resumiu a animosidade do plenário. "Não há base
com a permanência dele. Não existirá base com o governo mantendo um ministro
com este tipo de atitude", afirmou. "O PMDB fez a mais formal das
afirmações. Afirmou da tribuna da Câmara dos Deputados que deseja e que espera
do Poder Executiva uma manifestação a respeito do comportamento do ministro Cid
Gomes”, disse.
"O ministro atacou
não só toda a base do governo, como todo o conjunto da Casa, inclusive a
oposição. Aqui não se trata de base ou não base. Se trata de dar o respeito a
esta Casa".