“Não há mecanismos que
criem automatismos, permitindo que o juiz, passado determinado tempo,
seja promovido sem ter que sair por aí, com um pires na mão, para
conseguir essa promoção. Por isso é que digo: 'deixe o juiz em paz,
permita que ele evolua na sua carreira, de maneira natural, sem que
políticos tenham que se intrometer.' Essa é uma das razões pelas quais
muitos juízes não decidem [em ações de combate à corrupção]. Vamos
atacar o problema na sua raiz”, defendeu o ministro.
Barbosa destacou que o
Brasil tem leis de combate à corrupção, que não são perfeitas, mas não
estão sendo aplicadas. “Eu acredito firmemente que, quando o juiz quer,
ele decide. Ele aplica. Só não aplica a lei aquele juiz que é medroso, é
comprometido, ou é politicamente engajado em alguma causa, e isso o
distrai, o impede moralmente de se dedicar a sua missão”, disse Barbosa,
ao falar sobre produtividade, em encontro promovido pela revista Exame.
O magistrado ressaltou,
porém, que parte dos juízes consegue agir independentemente de
influências políticas. “Desconfie de juiz que vive travando relações
políticas aqui e ali", recomendou Barbosa. Para ele, ninguém quer ter
aspectos importantes de sua vida nas mãos de juízes com tal
característica. "Infelizmente, nosso sistema permite que esse tipo de
influência negativa seja exercida sobre determinado juiz, mas é claro
que há juízes que conseguem driblar isso muito bem.”
O ministro voltou a
criticar o sistema político brasileiro, que permite a existência de
muitos partidos. "Isso é péssimo, isso não é bom para a estabilidade do
sistema político brasileiro. Nenhum sistema político funciona bem com
dez, 12, 15, muito menos com 30 partidos. [É necessário] algo que existe
em outros países, que é a cláusula de barreira. Este é o caminho, o da
representatividade, só sobrevivem aqueles partidos que continuam a ter
representatividade no Congresso", afirmou.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário