Presente
no centro do debate do futebol brasileiro neste ano, o árbitro de vídeo deve
passar por mudanças a partir de 2020. Em entrevista ao jornal O Estado de
S.Paulo, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, fez um
balanço positivo do primeiro ano do uso do VAR no Campeonato Brasileiro e
comentou sobre as possíveis novidades no recurso tecnológico para a próxima temporada.
Gaciba
informou que o VAR teve índice de acerto de 98,4% em situações protocolares no
Brasileirão, de acordo com os estudos da CBF. Ainda segundo o chefe de
arbitragem no Brasil, o número de erros capitais (pênalti, cartão vermelho,
impedimento ou erro de identificação) caiu de 188 em 2018 para 36.
“Creio
que o balanço é extremamente positivo. Os números mostram a realidade. A
diminuição dos erros capitais de arbitragem foi profundamente impactante”,
avaliou o ex-árbitro, que considera que a “precisão e a linha de intervenção
bem definida são o foco” do VAR.
Apesar
de a ferramenta ter sido criticada por alguns clubes ao longo do campeonato, a
taxa de aceitação foi alta. A CBF realizou recentemente o “Tour do VAR”, uma
pesquisa que ouviu 584 pessoas, entre jogadores, membros de comissões técnicas
e dirigentes de 17 clubes. A consulta concluiu que 94,1% aprovam a continuidade
do árbitro de vídeo. “Tínhamos ciência de que com o tempo e prática as
reclamações diminuiriam. A ferramenta foi ganhando confiança, diminuindo tempo
de revisões e mostrando seu verdadeiro valor. Sinceramente, os bons resultados
e a aceitação vieram de forma mais rápida do que esperávamos”, disse.
A
CBF fez alguns testes com a ferramenta na reta final do Nacional, indicando que
deve haver novidades em 2020. Uma das inovações é a operação do árbitro de
vídeo à distância, que foi experimentada no duelo entre Bahia e Vasco, em
Salvador, válido pela 37.ª rodada. A ideia, a partir disso, é tirar as cabines
dos estádios e criar uma central do VAR no Rio de Janeiro, inspirada na central
da Fifa da Copa do Mundo da Rússia. A operação se dá por meio de uma ligação de
fibra ótica entre o local da partida e a sala do vídeo.
“Foi
um teste muito positivo. Trabalhamos offline do Rio de Janeiro em um jogo
realizado em Salvador”, analisou Gaciba, ponderando na sequência que “não
queremos acelerar mudanças até que tenhamos uma confiabilidade de 100% na
centralização do uso do VAR. O Brasil é um continente, gigantesco, esse é um
desafio grandioso”.
A
CBF também estuda a implementação de um quadro com apenas árbitros de vídeo e
planeja exibir todas as revisões em tempo real nos telões dos estádios a partir
na próxima temporada, como ocorreu no Maracanã na partida entre Flamengo e
Avaí, pela 37.ª e penúltima rodada, e como já acontece nos jogos do Campeonato
Inglês.
“Foram
testes que tiveram uma excelente aceitação. Veremos a viabilidade de utilizar o
sistema na próxima temporada, sim. Mas teremos de alinhar bem com os clubes, já
que em alguns estádios não há telão para exposição”, pontuou.
A
divulgação das imagens revistas no vídeo e do áudio das conversas entre o
árbitro de campo e os auxiliares da cabine também é algo que está sendo
estudado pelo chefe de arbitragem da CBF. Isso é um pedido recorrente da maioria
dos clubes da Série A. Eles entendem que a medida, se vier mesmo, traria mais
transparência ao futebol brasileiro.
Nesse
sentido, a Conmebol saiu na frente e liberou em seu site áudios e vídeos do VAR
nos últimos jogos da Libertadores. “Sempre que necessário e quando acharmos
importante, traremos informações não só de vídeos e áudios, mas de como
funciona uma sala de operação. O VAR suscita muita curiosidade”, entendeu
Gaciba.
Estadão Conteúdo
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