Alvo de críticas por
incluir cereais não maltados --como milho e arroz-- nas cervejas, a
Ambev defendeu a prática e disse que ela é positiva para o mercado
cervejeiro. A fabricante é dona de marcas como Skol, Brahma
e Antarctica.
"O mundo seria
muito chato se todas as cervejas fossem iguais", disse o diretor-geral
da empresa, Bernardo Pinto Paiva, referindo-se às cervejas que levam
apenas água, lúpulo e malte em sua composição. "Quem é contra arroz,
milho e outras misturas na cerveja é contra a diversidade", declarou.
Puro malte?
Para ser
considerada puro malte, a cerveja não pode ter adição de cereais não
maltados. No Brasil, a legislação permite que as cervejas tenham até 45%
desses cereais na composição total dos ingredientes.
A crítica às cervejas com cereais não maltados tem como base a chamada Lei da Pureza,
ou Reinheitsgebot no original, instituída na Alemanha em abril de 1516.
Segundo ela, os únicos ingredientes permitidos na fabricação deveriam
ser água, cevada e lúpulo. Na época, a levedura ainda não entrava na
lista porque era considerada uma dádiva dos céus, de acordo com a
enciclopédia "Larousse da Cerveja".
Até hoje,
algumas empresas no mundo e no Brasil ainda seguem essa regra quando
fabricam seus próprios rótulos. Para Paiva, da Ambev, no entanto, essa
receita está atrasada e inibe a criatividade na produção de cervejas.
"Não existe certo ou errado em cerveja. Se quiser colocar gengibre,
rapadura ou outro ingrediente, qual o problema?", pergunta.
Cerveja mais leve
O uso de arroz e
milho tem a função de suavizar a cerveja, ou seja, deixá-la menos
amarga e mais clara, afirma o mestre-cervejeiro da Ambev Luciano Horn.
Segundo ele, a
cerveja em outros lugares do mundo também tem ingredientes diferentes.
"Cada região usa aquilo que tem para fazer cerveja. A Alemanha tem
cevada. A China e o Brasil têm arroz. Mas isso não significa que uma é
melhor do que a outra, é questão de gosto", diz.
De acordo com
especialistas, todos os cereais são fontes de açúcares fermentáveis e
capazes de transformar-se em álcool, mas os maltes de cevada e trigo
conferem à bebida um sabor mais marcante do que o milho e o arroz.
Encontro com agricultores
Paiva e
Horn participaram, nesta quinta-feira (20), de um encontro
com produtores rurais em um campo de pesquisa em cevada que
a Ambev mantém em Passo Fundo (RS).
Cerca de 250
agricultores estiveram no encontro para aprenderem sobre novas
variedades da cevada e técnicas de cultivo, segundo a empresa.
* Portal Uol