Uma cópia da decisão da ONU foi enviada para o governo, requisitando informações ou observações em relação à admissibilidade do pedido. Após a análise do Comitê de Direitos Humanos, as decisões são públicas.
O documento foi protocolado nas Nações Unidas em julho e acusa o juiz Sérgio Moro e os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato de cometerem violações ao Pacto de Direitos Políticos e Civis. Entre as acusações de arbitrariedades citadas pela defesa, está a condução coercitiva que levou o ex-presidente Lula para depor durante a deflagração da 24ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Aletheia. Além disso, os advogados citam vazamento de materiais confidenciais e a divulgação das ligações de Lula interceptadas pela Justiça.
As acusações da defesa de Lula são feitas com base no Pacto de Direitos Políticos e Civis, de acordo com seus advogados, que assegura proteção contra prisão ou detenção arbitrária, presunção de inocência, interferências arbitrárias ou ilegais na privacidade e o direito a um tribunal independente e imparcial. Lula já protocolou reclamações e pedidos na justiça brasileira para tirar o processo do juiz Sérgio Moro, alegando que Moro não é imparcial. No entanto, nenhum pedido foi aceito até o momento. Os advogados dos ex-presidente também pediram o afastamento do juiz João Pedro Gebran Neto, que julga o pedido de afastamento de Moro, afirmando que ambos são amigos. O pedido foi negado por Gebran Neto.
Lula contratou um advogado australiano, Geoffrey Robertson, para atuar no caso. Robertson é conhecido por ter atuado na defesa de Julian Assange, do site “WikiLeaks”, que divulga documentos secretos. Nas 49 páginas do pedido, os advogados de Lula afirmarm que Moro é “um soldado (referência às Cruzadas) que acredita que as condenações de corrupção devem ser obtidas através de procedimentos que violam os direitos humanos”.
“Avançamos mais um passo na proteção das garantias fundamentais do ex-Presidente com o registro de nosso comunicado pela ONU. É especialmente importante saber que, a partir de agora, a ONU estará acompanhando formalmente as grosseiras violações que estão sendo praticadas diariamente contra Lula no Brasil”, afirmou o advogado de Lula, em nota.
Hoje, em um dos processos da Lava-Jato que investigam o ex-presidente Lula, o juiz Sérgio Moro negou pedido da defesa para que se declare suspeito para julgar o caso.
O Globo