O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD),
disse hoje (20) que só pediu auxílio federal para conter o clima de insegurança
gerado pela crise penitenciária, que teve início com o massacre de pelo
menos 26 presos na penitenciária de Alcaçuz, porque enquanto a rebelião estava
limita à unidade "não aconteceu nada de grave além das mortes” dos
detentos. Ele também defendeu que a solução para os problemas em Alcaçuz era
transferir todos os presos e desativar a unidade.
O questionamento foi motivado pela declaração do ministro da Defesa, Raul
Jungmann, de que o apoio só chegou sete dias depois do início da crise em
Alcaçuz porque o governador só havia pedido o reforço ontem (19). Faria,
entratnto, afirmou que fez o pedido ao presidente da República, Michel Temer,
na quarta-feira (18), por causa dos ataques a veículos e prédios públicos
iniciados depois da transferência de mais de 200 presos de Alcaçuz para outras
unidades.
“Isso é uma discussão de uma cronologia de 24 horas. E eu pedi
a ajuda das forças federais porque começou a acontecer ocorrências nas ruas.
Quando estava restrito à briga dentro do presídio o próprio governo estava
enfrentando, e com coragem e com toda a logística, que não aconteceu nada de
grave além da morte dos principais membros das facções”, respondeu à imprensa
depois da reunião com o ministro, na noite de hoje.
Alcaçuz desativado
Faria também disse que a melhor alternativa para resolver os
problemas estruturais de Alcaçuz – desde 2015 não existem grades nas celas,
deixando os detentos livres para circularem nos pavilhões – , agravados com os
últimos conflitos, seria a desativação da unidade e transferência da massa carcerária
para novos prédios.
A localização "turística”, segundo o governador, não
deveria ter sido escolhida para a construção do presídio, inaugurado em 1998.
"Hoje tem que ser um novo presídio, até porque foi construído em cima de
uma duna, foi um grande equívoco da época. Acho muito melhor fazer um
deslocamento, hoje ali é uma área turística, tem muitas casas no entorno, tem
lagoa, tem praia, é uma área que não cabe mais o presídio, tem que levar para
uma área muito mais distante, isolada”.
Duas novas penitenciárias estão em construção no Rio Grande do
Norte: uma em Ceará-Mirim (que tinha previsão de entrega no ano passado) e
outra em Afonso Bezerra (anunciada em agosto de 2016), mas não há previsão a
curto prazo para que as unidades sejam finalizadas. “O terceiro [presídio] virá
com o dinheiro que o presidente Temer enviou, do fundo penitenciário. Se tiver
uma condição de que, com esses três novos presídios, nós pudermos apagar a
história maldita de Alcaçuz, nós iremos acabar com Alcaçuz”.
Greve de agentes penitenciários
O governador também se posicionou sobre a decretação de greve
dos agentes penitenciários em resposta ao anúncio da contratação, sem concurso
público, de 700 pessoas para reforçar a categoria. Faria classificou o momento
como "impróprio” e disse que, se eles não deflagrarem de fato a geve, o
governo vai entrar com uma ação na Justiça para impedir a paralisação.
“Essa greve é um momento impróprio, em que a população está
vivendo dias de angústia. Que o comerciante tem que trabalhar, o estudante tem
que estudar, o turista está aqui para gastar dinheiro e ajudar na arrecadação
para manter os serviços essenciais”, afirmou.
A equipe do governador informou que o Sindicato dos Agentes
Penitenciário do Estado do Rio Grande do Norte (Sindasp-RN) solicitou, no fim
da tarde de hoje, uma audiência com Robinson Faria para tratar do tema. O
Procurador Geral de Justiça, Rinaldo Reis Lima, declarou à Agência Brasil
que considera a greve ilegal e
que a contratação é necessária pela situação emergencial, embora defenda a
realização de concurso público – objeto de ação ajuizada pelo Ministério
Público estadual contra o estado.
Já os representantes da categoria defendem a convocação de 32
aprovados no último certame para reforçar a equipe de Alcaçuz como medida
emergencial, além da abertura de um novo concurso para suprir o déficit da
categoria.
Agência Brasil