Terceira colocada na disputa presidencial de 2014 com
mais de 22 milhões de votos, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva
quebrou o silêncio dos últimos dias e comentou a crise política que
vive o Brasil, agravada na última semana pelos novos desdobramentos da
Operação Lava Jato.
Em artigo publicado no domingo no blog do jornalista
Matheus Leitão, Marina defende o afastamento de políticos que
eventualmente sejam denunciados pelo procurador-geral da República,
Rodrigo Janot – 52 nomes são investigados. De acordo com Marina, o
afastamento dos denunciados é necessário para evitar qualquer
interferência nas decisões.
“Quando as investigações resultarem em provas e
denúncias formais ao Supremo Tribunal Federal, devemos exigir o
afastamento dos que ocupam cargos cujos poderes possam interferir nas
decisões. Mas desde já precisamos estar atentos contra qualquer
tentativa de sabotagem”, escreveu Marina.
Eduardo Cunha
A ex-ministra não citou nomes em seu artigo, mas fez
referência ao “presidente da Câmara”, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado
por um delator de ter recebido US$ 5 milhões em propina para facilitar
contratos com a Petrobras – após as denúncias, Cunha anunciou seu
rompimento com o governo do PT. Para Marina, o presidente da Câmara é
adepto de estratégias de “manipulação”.
“Se a manipulação da crise foi o modo como o presidente
da Câmara encontrou para aumentar seu poder, é normal que ele agora
tente explicar as denúncias de corrupção que recebe como sendo
manipulação dos outros – o governo, no caso. Não há novidade nisso e boa
parte dos que saem gritando ‘fora Cunha’ parecem querer apenas
aproveitar a oportunidade de apontar um novo inimigo público para
desviar a atenção dos gritos de ‘fora Dilma’”, avaliou Marina.
Embora argumente que “devemos cuidar de manter as bases
institucionais democráticas que construímos a duras penas”, Marina
ressalta que, assim como ocorreu no passado, é possível sair de um
momento de crise para uma etapa positiva.
“Assim como saímos do impeachment de Collor para outro
ciclo de evolução, com a estabilização econômica nos governos de Itamar e
Fernando Henrique, que possibilitou avanços sociais no governo Lula, da
mesma forma podermos ser capazes de sair da crise atual para outro
momento positivo”, escreveu.
Fonte: terra