A Imagem original de Nossa Senhora Aparecida sofreu
um atentado em 16 de maio de 1978, sendo quebrada em mais de duzentos pedaços.
Na ocasião, a Imagem foi levada ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), onde o
fundador, professor Pietro Maria Bardi, a encaminhou à artista plástica e chefe
do Departamento de Restauração, Maria Helena Chartuni.
Maria Helena mergulhou em um intenso trabalho de
reconstituição. A Imagem foi restaurada e levada de volta ao Santuário Nacional
de Aparecida, em um carro aberto do Corpo de Bombeiros, no dia 19 de agosto do
mesmo ano, causando comoção nacional. Uma multidão esperava pela Imagem em
Aparecida, lotando o entorno do Santuário Nacional e da Rodovia Presidente
Dutra.
Hoje, 35 anos após a experiência, Maria Helena fala
com carinho do trabalho que considera um divisor de águas em sua vida.
“Para mim, existe o antes e o depois do restauro da
Imagem. Sinto-me muito abençoada porque nenhum trabalho me deu tanta satisfação
quanto aquele. Passados 35 anos, ainda percebo o retorno da esperança que a
Imagem proporcionou a mim e toda a população”, revela.
Maria Helena agradece a Deus a graça de ter
reconstruído o símbolo da devoção Mariana, mas explica que não foi fácil:
“Fiquei muito assustada no início. A Imagem estava despedaçada, principalmente
a parte da cabeça. Além das dificuldades técnicas, estava lidando com uma peça
de arte produzida em terracota (barro cozido)”, lembra.
Em todas as entrevistas que dá aos jornalistas,
Maria Helena conta que teve sua fé restaurada ao longo daqueles 33 dias de
árduo trabalho, tornando-se devota. Na edição de maio de 2011 da Revista de
Aparecida, um dos trechos revela esse momento de transição:
“Foi a
partir daí que me dei conta de que algo tinha acontecido com a minha fé que até
então estava "congelada", apesar de eu ter sido criada numa família
católica. O trabalho de restauro da imagem de Nossa Senhora mudou a minha vida,
minha fé. Ela é a mensageira de Deus, aceitou sua missão com humildade, pureza
e obediência. Ela deve ser nosso exemplo de mulher de Deus e por isso devemos
amá-la e respeita-la sempre”.
Ao Portal A12, Maria Helena explicou que os
sentimentos de amor, carinho e emoção são os mesmos de 35 anos atrás: “Nossa
Senhora representa muito para mim. As pessoas sempre me perguntam como me sinto
por ter feito aquele trabalho. Respondo que tenho consciência do que fiz, mas
procuro não me envaidecer. Isso vai muito além da compreensão, porque Deus
achou por bem que eu desse às pessoas a satisfação de ver reconstruída a Imagem
da Padroeira do Brasil”, concluiu a restauradora.
Em 2012, a Imagem de Nossa Senhora Aparecida foi
tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado), de São Paulo. Ela continua
exposta no nicho do Santuário Nacional de Aparecida, tendo sido visitada por 11
milhões de devotos em 2012.
Redação Portal A12
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