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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Carta ajuda brasileiro a não ir para corredor da morte nos EUA







O pedreiro brasileiro José Carlos de Oliveira Coutinho, 39, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos contou com a ajuda da filha de uma de suas vítimas para não receber uma injeção letal.

Tatiane Costa Klein, 30, enviou uma carta à Justiça dizendo que preferia que os assassinos de sua mãe, Jaqueline Szczepanik, 43, seu irmão Christopher, 7, e seu padrasto Vanderlei Szczepanik, 43, cumprissem prisão perpétua ao invés de serem enviados ao corredor da morte.

"Recebi muitas críticas por essa carta, mas ao menos estou com minha consciência tranquila", disse à Folha.

Os acusados pelos crimes eram funcionários da família na construção de uma escola missionária da igreja Assembleia de Deus Missão do Belém. O crime aconteceu em dezembro de 2009, em Omaha, Nebraska.

Coutinho foi condenado por ser o mandante do assassinato da família por causa de uma desavença financeira. Os outros acusados são Valdeir dos Santos, 33, e Elias Lourenço, 31.

Em agosto de 2011, Santos fez um acordo com a Justiça para não ser condenado à morte e delatou o crime. Ele ficará no máximo 20 anos preso.

Já Lourenço foi deportado para o Brasil em abril de 2011, porque, na época, a polícia não havia provas que o incriminassem.

Após se mudar para os Estados Unidos para acompanhar as investigações, Tatiane agora espera que o governo brasileiro colabore com a Justiça americana e extradite Lourenço. Essa possibilidade é remota, já que o Brasil não extradita seus cidadãos para cumprir penas em países em que eles podem ser condenados à pena de morte. Lourenço vive atualmente em Minas Gerais. Segundo familiares, ele negou participação nos crimes.

Leia os principais trechos da entrevista que Tatiane concedeu à Folha, por telefone.

Folha - Como você está se sentindo após a condenação de Coutinho?
 

Tatiane Costa Klein - Estou satisfeita. Eu até prefiro que ele fique o resto da vida do que a pena de morte. Só não estou satisfeita com a liberdade do Elias, que está livre no Brasil enquanto só esses dois estão pagando pelo assassinato da minha família.

Para você está claro que ele também participou do crime?
 

Sim. Tem imagens dele que estão no processo. Havia várias digitais na cena do crime. Tem várias provas.

E quanto ao Valdeir, ele fez um acordo. Houve quem dissesse que não é justo ele ficar menos tempo preso que os outros acusados.
 

Eu acho isso também. Mas se não fosse ele, não saberíamos do crime. Se não aceitássemos o acordo, de repente estariam os três soltos aí no Brasil e, aí sim, não teríamos Justiça.
Devido às circunstâncias, essa foi a única possibilidade de ver essa tragédia esclarecida.

No processo há uma carta sua pedindo que o réu não seja condenado à pena de morte. Por que você fez isso?
 

É. Essa carta existe. Já faz algum tempo. Falei que eu preferiria que ele pagasse mais com a vida do que a pena de morte. Não sou um monstro, não quero tirar a vida de alguém.

Pelo que li, você recebeu críticas por causa dessa carta.
 

Os advogados de defesa foram muito espertos. Eles queriam saber qual era o meu sentimento diante do crime. Eu citei que não me sentiria confortável com a pena de morte porque na minha cultura não existe isso. Acho que só Deus pode tirar as vidas das outras pessoas. Fui bastante criticada, sim, porque a única ajuda que eu tive foi dos americanos. Depois da carta muitas pessoas vieram me dizer que, se matou aqui [nos EUA] tem de ser julgado dessa forma. Pode ter pena de morte, ao contrário do Brasil. Mas a carta já tinha sido enviada à Justiça e isso pesou muito na decisão de não mandá-lo pro corredor da morte.

Você se arrepende de ter mandado a carta?
Não. Recebi muitas críticas por essa carta, mas ao menos estou com minha consciência tranquila. É melhor ele cumprir pena pelo resto da vida. Acho também que essa é uma chance de a gente conseguir alguma coisa para punir o Elias.

Há pouco mais de três anos você se mudou para os Estados Unidos para acompanhar as investigações. E agora, com a condenação, você continua aí?
 

Eu, por enquanto, prefiro continuar aqui porque não me sinto confortável com o Elias solto. Não é medo, mas eu tenho uma família. Tenho receio de qualquer problema. Vivo aqui com um visto humanitário, com meu marido e meu filho. Se eu voltar para o Brasil, vou esperar as coisas esfriarem. Agora, vou continuar com minha batalha para tentar extraditar o Elias.

Mas o Brasil não extradita brasileiros para países que têm pena de morte. Como você pretende fazer?
 

O Brasil é um país que protege bandidos. Agora, estou procurando respostas, mas acho que podemos tentar transferir o processo para o Judiciário do Brasil e fazer com que ele seja julgado aí. Não é a melhor opção, mas é o que eu consigo ver de possibilidade, por enquanto.

Fonte: Folha.com

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