Estrutura da praia será
usada para a celebração final da Jornada Mundial da Juventude. Lama e
dificuldade de acesso tornam inviável a peregrinação até a Zona Oeste
A mudança forçada no roteiro coroa o que pode ser interpretado
como um misto de megalomania e descompromisso com o que prega o papa
Francisco: quem, afinal, será responsabilizado por gastar, em duas áreas
distintas, dinheiro para montar palco, altar e todo o sistema para
eventos semelhantes, com reunião de 2 milhões de pessoas? Seria como
realizar dois réveillons de Copacabana na mesma semana, para se usar uma
comparação feita pela própria prefeitura referindo-se às dimensões do
evento.
As duas fazendas escolhidas para sediar a vigília e a missa de encerramento celebrada pelo papa Francisco, que totalizam 3,5 milhões de metros quadrados de área, mostraram-se uma opção complicada desde o início da jornada. Chuvas no início do ano atrasaram as obras, e, como mostrou o site de VEJA, as alterações no terreno alagaram casas de moradores do entorno do terreno.
Com a mudança, passa a haver uma nova preocupação: evitar que os peregrinos fiquem em Copacabana depois do evento desta quinta-feira. A Igreja e a prefeitura pedem que os peregrinos retornem para seus alojamentos. Já há, no entanto, grupos de peregrinos que optaram por dormir em áreas públicas, em vez de alojamentos e casas de famílias de voluntários.
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Ainda não se sabe o prejuízo que a JMJ, cujo orçamento é deficitário, terá com o cancelamento. Palcos, tendas, banheiros, postos de saúde e estruturas do Exército foram transportados nas últimas semanas para permitir a realização da vigília, em uma área onde praticamente só havia mato.
A mudança forçada no roteiro coroa o que pode ser interpretado como um misto de megalomania e descompromisso com o que prega o papa Francisco: quem, afinal, será responsabilizado por gastar, em duas áreas distintas, dinheiro para montar palco, altar e todo o sistema para eventos semelhantes, com reunião de 2 milhões de pessoas? Seria como realizar dois réveillons de Copacabana na mesma semana, para se usar uma comparação feita pela própria prefeitura referindo-se às dimensões do evento.
O prefeito Eduardo Paes confirmou a mudança pouco antes das 16h, em uma entrevista coletiva, e pediu a compreensão dos moradores do bairro da Zona Sul da cidade - que terá de conviver com a concentração de peregrinos por quatro dias, e não mais dois apenas.
Na empresa contratada pela prefeitura para organizar a JMJ, a Dream Factory, que também organiza o Rock in Rio, ainda havia otimismo com o clima até quarta-feira. O diretor da empresa, Duda Magalhães, afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que não estava preocupado, porque os participantes do evento sabiam o que teriam de enfrentar. "O evento é uma missa campal. Passar frio, calor, estar numa área de terra ou alagada, são condições de um evento como este. Quem é peregrino sabe que vai passar por essa experiência", disse.
O que o diretor da empresa não levou em conta foi o quanto a experiência poderia ser ruim. Afinal, não se trata de passar por um atoleiro, mas de permanecer em uma área alagada e com chuva por mais de 12 horas, entre o sábado e o domingo, depois de caminhar 13 quilômetros na ida, outros 13 na volta - o que transformaria a peregrinação em calvário.
Treinamento abortado - Um grupo de jornalistas foi informado pelo Exército sobre o cancelamento das atividades em Guaratiba. Eles iriam acompanhar os treinamentos do Centro de Coordenação de Defesa de Área (CCDA/RJ) para atuar especificamente naquela área. Ainda na entrada do campo, um major informou a mudança de local da missa de encerramento e, consequentemente, a suspensão dos trabalhos - que fariam, por exemplo, a simulação da chegada do papa ao local. Apesar do grande lamaçal no terreno, já havia pequenos grupos de peregrinos preparando seu acampamento, no intuito de garantir um local mais próximo ao palco onde papa Francisco não subirá mais.
Agência O Globo
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