A volta no tempo estava programada para 2004. Era aquela cor de medalha
que o Brasil queria repetir. Remanescente da geração de Atenas,
Serginho, de 40 anos, foi convencido a deixar a aposentadoria e
emprestar um pouco daquele espírito à seleção da Rio 2016. Depois de
fazer fila, de ter derrubado na Liga Mundial, em meados de julho, todos
os rivais que estariam no torneio olímpico (só perdeu o título para a
não classificada Sérvia), a equipe parecia estar apta a cumprir a missão
depois do quase em Pequim 2008 e Londres 2012.
Até inesperada mudança
de rumo. As derrotas para os EUA e para a Itália a empurraram para a
parede. A queda na primeira fase e a chance de ficar em nono lugar,
igualando a pior campanha de 1968, existiam. Mas veio a reação. França,
Argentina e Rússia caíram na sequência. Faltavam só os italianos. O
grand finale estava reservado para um Maracanãzinho lotado. Doze anos
depois. Neste domingo, a seleção mostrou quem mandava ali. Se impôs e
fez a torcida lembrar dos velhos e bons tempos com a vitória por 3 sets a
0 (25/22, 28/26 e 26/24).
As medalhas douradas de Barcelona
1992 e Atenas 2004 ganharam companhia. O resultado pôs fim também a um
longo e incômodo jejum. Até então, o último título havia sido
conquistado no Mundial da Itália, em 2010. Nos últimos quatro anos, a
seleção foi mudando a sua cara. Já não tinha mais Giba, Dante, Rodrigão e
Ricardinho. Foi preciso apostar em novos nomes. Lucarelli apareceu para
preencher uma lacuna e tanto, Wallace cresceu.
Bernardinho dizia que a
geração não era talentosa como a anterior, mas tinha condições de
brigar. Na reta final, perdeu a experiência de Sidão e Murilo, cortados
por lesões. Sofreu ainda com problemas físicos de Maurício Souza, Lipe e
Lucarelli ao longo dos Jogos. E mesmo remendado, o time chegou. Fez
valer seu histórico com o técnico no comando. Em 16 temporadas, após
mais de 40 torneios, jamais ficou fora de um pódio em Mundiais e
Olimpíadas. Só não ganhou medalhas três vezes, nas Ligas de 2008, 2012 e
2015.
A partida marcou a despedida do líbero Serginho, que
agora segue carreira apenas no clube. Com o quarto pódio em quatro
edições, ele sai de cena como o maior medalhista olímpico da história do
Brasil em esportes coletivos. O treinador, que havia condicionado sua
decisão de seguir ou não ao mês de agosto, assegurou a sua sétima
medalha na carreira em nove edições de Jogos.
Globoesporte.com
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