O preso apontado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte como
líder do tráfico de drogas, tráfico de armas e assaltos em várias
cidades da região Oeste potiguar, foi grampeado e teve várias escutas
telefônicas interceptadas com autorização judicial. O G1 teve acesso às
gravações, nas quais o preso encomenda armas, pede pra que fotos sejam
enviadas para ele pelo aplicativo WhatsApp, e até repreende um
traficante ao reclamar da pesagem de uma encomenda de drogas. O detento
chama-se José Jocenildo de Morais Fernandes, mais conhecido como
´Nildinho´.
Nildinho, segundo o MP, foi o principal alvo da
operação ‘Pedra Sobre Pedra’, deflagrada no início da manhã desta
quinta-feira (25) na região Oeste e Grande Natal. O objetivo da ação,
que cumpriu 11 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão em Caraúbas e
Apodi, na região Oeste do estado, e em Nísia Floresta e Natal, na
região Metropolitana da capital, "é desarticular organização criminosa
dedicada ao tráfico de drogas, roubos e homicídios, que atua notadamente
em Apodi", afirmou o MP.
Ainda segundo o MP, Nildinho cumpre
pena no Presídio Rogério Coutinho Madruga, unidade que também é
conhecida como Pavilhão 5 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, a maior
do sistema prisional potiguar. "O preso estruturou toda uma rede
organizada para aquisição, transporte, armazenamento e revenda de
drogas", acrescentou.
Em uma das gravações, Nildinho conversa com
alguém sobre a possibilidade de comprar armas. A pessoa, que não é
identificada no áudio, diz que pode conseguir algumas peças. No
linguajar dos presos, ‘peça’ significa ‘arma’, assim como ‘ferro’. “Ei
se aparecer uns ferrozinho (armas) daquele jeito lá...”, propõe o homem
do outro lado da linha. “Tá massa. Vai aparecer, vai aparecer”, diz o
preso. O homem, ao perceber o interesse, propõe um outro negócio: “Um
boy tem uma peças alí pra vender. E o boy quer trocar em fumo as peça”.
“Homi,cadê?”, pergunta Nildinho, já de imediato.
“Agora a peça é cara, é
uma peça cara porque é uma peça irada. É uma 40 Glock”, responde a
pessoa, se referindo ao calibre e à fabricante da arma, no caso uma
pistola Glock calibre .40. “É cinco conto (R$ 5 mil). Agora é uma peça
nova, viu?”, acrescentou. “E é? Tem como eu ver a foto não, pelo
WhatsApp?”, quer saber Nildinho, mais uma vez demonstrando bastante
interesse na arma. “Não. Eu vou ver alí, porque eu não tenho a foto
ainda não. Mas ele disse que troca em quatro peças e meia de fumo”,
respondeu o homem, já utilizando a palavra ‘peça’ como se estivesse se
referindo a tabletes de maconha. Comumente, os traficantes embalam a
droga em tabletes que pesam 1 quilo cada. Segundo a Polícia Civil, cada
tablete é vendido, em média, a R$ 1 mil.
Fonte: G1 RN
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