Com a vitória, Dilma completará um período de 16 anos do PT no comando
do governo federal, desde a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em
2002. É o dobro do tempo do PSDB, que teve dois mandatos com Fernando Henrique
Cardoso (1995-1998 e 1999-2002). Desde antes da
reeleição de Dilma, o PT trabalha com a hipótese de uma nova
candidatura de Lula em 2018, conforme voltou a
defender neste domingo o presidente do partido, Rui Falcão.
A presidente se reelegeu na disputa considerada a mais acirrada desde a
redemocratização. No início da campanha, a petista manteve-se na dianteira nas
pesquisas de intenção de voto, mas depois chegou a ter a liderança ameaçada por
Marina Silva (PSB), derrotada no primeiro turno, e Aécio, que chegou a aparecer
numericamente à frente dela no segundo turno.
Foi também a sexta eleição marcada pela polarização entre PSDB e PT, que
desde 1994 sempre chegaram nas duas primeiras posições na corrida presidencial.
Assim como em 2010, a candidatura de Marina despontou neste ano como terceira
força, alcançando 21,3% dos votos no primeiro turno.
Campanha
Tanto no primeiro quanto no segundo turno, a campanha eleitoral para a Presidência neste ano foi marcada pelas críticas entre os candidatos. Se na primeira fase da disputa, os ataques do PT se concentraram em Marina – apontada como inconsistente – na segunda, a campanha petista mirou a candidatura de Aécio, associando-a ao "retrocesso".
Marina passou a ser alvo tanto do PT quanto do PSDB com sua rápida ascensão
nas pesquisas após a morte de Eduardo Campos, candidato do
PSB até agosto, quando morreu em acidente aéreo que
vitimou outras seis pessoas, entre assessores e tripulantes.
Até então, as pesquisas indicavam uma situação de estabilidade, com
Dilma à frente e Aécio em segundo. O tucano já havia enfrentado denúncias de suposta
concessão irregular para um tio de um aeroporto na cidade
de Cláudio (MG), mas a candidatura dele começou a perder fôlego após a morte de
Campos.
Uma das principais críticas do PT a Marina Silva foi a defesa da
independência do Banco Central, que propunha mandatos fixos para diretores
condicionado ao combate à inflação. Nas propagandas e discursos, a campanha
petista dizia que a medida
favoreceria os banqueiros; na TV, foi mostrada uma família sem
comida no prato. Marina respondia dizendo
que a rival tentava "ressuscitar o
medo” na campanha e fazia “terrorismo eleitoral”.
Pelo lado do PSDB, Marina era atacada por ter
sido filiada ao PT, inclusive nos períodos em que o partido
enfrentava escândalos de corrupção, como o mensalão. A candidatura de Marina
também foi posta em xeque após mudanças em seu
programa de governo. Quando o programa foi lançado, em 29 de
agosto, havia defesa do casamento gay e da energia nuclear. No dia seguinte, os
tópicos foram retirados, sob alegação de erro na edição do documento.
Marina foi perdendo pontos nas intenções de voto e acabou
ultrapassada por Aécio na semana que antecedeu o primeiro
turno. Nas urnas, Dilma obteve
41,6% dos votos válidos e Aécio 33,5%, resultado que levou a
disputa para o segundo turno.
Nas três semanas de disputa direta entre a petista e o tucano, as
críticas se concentraram na corrupção e na economia. Aécio explorou o escândalo
na Petrobras, responsabilizando
o governo pelos supostos desvios e propina pagos a
políticos pelo ex-diretor Paulo
Roberto Costa. Dilma reagiu dizendo que a oposição tentava
dar um golpe ao explorar o caso. Defendeu-se ainda
afirmando que a PF teve
autonomia para investigar, e os casos de corrupção não eram
escondidos "debaixo do tapete".
No campo da economia, a petista insistiu que o retorno do PSDB ao poder
seria uma "volta ao passado",
segundo ela, com arrocho salarial, desemprego e queda na renda dos
trabalhadores. O tucano, por sua vez, enfatizou
a alta da inflação no governo Dilma aliado ao baixo
crescimento da economia; como solução, pregou mais
credibilidade e transparência nas contas públicas para
atrair de volta o investimento produtivo ao país.
Nas duas últimas semanas da campanha, os ataques se intensificaram nas
propagandas, debates na TV e atos de campanha pelas ruas do país. Além de
criticar a política econômica do PSDB, Dilma passou a dizer que os tucanos não governavam
para os pobres, apontando uma menor abrangência dos programas
sociais na época de FHC. Odiscurso foi
reforçado por Lula, que participou ativamente da campanha e
chamou Aécio de "filhinho de papai", o acusou de ser agressivo com
mulheres e o condenou por recusar o teste do bafômetro numa blitz em 2012.
G1