Oito meses depois de chegar ao Congresso, o texto principal da reforma
da Previdência (PEC 6/2019) deve ter sua votação final na próxima
terça-feira (22), dia em que o plenário do Senado deverá analisar a
matéria em segundo turno. Para que seja aprovado e siga para promulgação,
o projeto precisa alcançar o mínimo de 49 votos favoráveis.
Entre outros pontos, o texto aumenta o tempo para trabalhadores terem
direito à aposentaria, eleva as alíquotas de contribuição para quem ganha acima
do teto do INSS (hoje em R$ 5.839) e estabelece regras de transição para os
atuais assalariados. Com essa proposta, a economia está estimada em R$ 800
bilhões em 10 anos.
Antes de ser votada em plenário, no mesmo dia, às 11h, a Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) vai votar o parecer do relator do texto, senador
Tasso Jereissati (PSDB-CE), sobre nove emendas de redação apresentadas após a
votação da reforma em primeiro turno.
Paralela
A conclusão da votação do texto principal da reforma da Previdência
avança em parte, mas não encerra a discussão sobre o tema no Congresso. Vários
pontos polêmicos considerados importantes, mas que não têm consenso no Senado e
na Câmara, integram uma proposta de emenda paralela à Constituição (PEC
133/19). Para que o assunto continue em discussão, Tasso apresentará o
relatório sobre essa proposta na próxima quarta-feira (23), na Comissão de
Constituição (CCJ) do Senado.
O principal ponto do texto busca incluir estados e municípios na reforma
da Previdência. A proposta também prevê aumento de receitas para compensar
parte das perdas referentes às concessões feitas pelos parlamentares no texto
principal. Entre elas, está o fim da isenção de contribuições previdenciárias
de entidades filantrópicas, do setor exportador, sobretudo do agronegócio e de
empresas incluídas no Simples. Em 10 anos, essas medidas podem render aos
cofres públicos R$ 155 bilhões.
Também estão na PEC Paralela ajustes em algumas regras previdenciárias,
além da criação de um benefício para crianças em situação de pobreza. O
relator, contudo, vem sendo pressionado por representantes de entidades
filantrópicas para que não aceite a cobrança da contribuição previdenciária,
ainda que seja gradual. Tasso estuda ampliar o prazo para a cobrança, definido
inicialmente em 10 anos.
A pedido da bancada feminina, devem entrar ainda nessa discussão regras
de transição atenuadas para mulheres cumprirem a exigência de idade para a
aposentadoria, com mudanças para garantir mais recursos para as viúvas, pois as
mulheres são mais de 80% dos beneficiários das pensões por morte.
PEC autônoma
Além da PEC Paralela, outro tema foi acertado com a equipe econômica
para ser tratado em proposta autônoma. É o "pedágio" cobrado dos
trabalhadores prestes a se aposentar, que terão de trabalhar o dobro do tempo
que falta para a aposentadoria. O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) desistiu do
destaque para evitar o retorno da proposta à Câmara. Para ter mais chances de
aprovação na Câmara e no Senado, ele exigiu que o tema fosse tratado sozinho em
outra proposta de emenda constitucional. “O pedágio é de 17% para os militares,
30% para os parlamentares e 100% para os demais.
Queremos discutir uma regra de transição que suavize o drama para quem
já trabalhou muito e vai trabalhar ainda mais para chegar à aposentadoria”,
afirmou Dias.
Agência Brasil
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