O ministro
da Economia, Paulo
Guedes, disse nesta quarta-feira (23), em Davos, que a proposta de reforma
da Previdência que está sendo estruturada pelo governo pode render uma economia
de R$ 700 bilhões a R$ 1,3 trilhão em dez anos.
A declaração
foi feita em entrevista à agência de notícias Reuters durante o Fórum Econômico
Mundial.
Se os
números se confirmarem, a proposta de reforma do governo de Jair Bolsonaro
pode chegar a dois terços a mais do que o esforço da gestão de Michel Temer,
que não conseguiu avançar com o projeto no Congresso. A proposta original de
Temer previa economia de R$ 800 bilhões em 10 anos. Após sofrer alterações no
Congresso, a medida passou a ter economia estimada em R$ 480 bilhões.
"É uma
reforma significativa e nos dará um importante ajuste estrutural fiscal",
disse Guedes, apontando que os números ainda estão sendo estudados. "Isso
terá um poderoso efeito fiscal e vai resolver por 15, 20, 30 anos", disse
ele, que acrescentou: "É isso ou seguimos (o caminho da) Grécia".
Mais cedo,
Guedes já
havia defendido a reforma da Previdência em entrevista à Bloomberg TV. Na
terça-feira (22), também falou sobre o assunto em almoço fechado organizado
pelo Itaú Unibanco, no qual repetiu que, se não for aprovada, tem um plano B.
O ministro
daria entrevista coletiva nesta quarta, e a expectativa era que ele detalhasse
a proposta do governo para a reforma da Previdência. No entanto, Guedes cancelou
as manifestações à imprensa que faria ao lado de Bolsonaro e os outros
ministros que integram comitiva brasileira no Fórum - Sérgio Moro (Justiça) e
Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
Mesmo com o
cancelamento, as últimas declarações de Guedes sobre a reforma da Previdência
têm sido bem recebidas por investidores nos mercados financeiros brasileiros.
Nesta quarta, o
Ibovespa subiu e voltou a atingir pontuação recorde de fechamento, e o dólar
interrompeu uma sequência de 6 altas sobre o real.
O
presidente Jair Bolsonaro também comentou a reforma da Previdência nesta quarta
em Davos. Em entrevista concedida para a agência de notícias Bloomberg, ele
afirmou que
a alteração na legislação previdenciária dos militares vai ser feita apenas
"em uma segunda parte da reforma".
Impostos e estatais
Ainda na
entrevista à Reuters, Guedes comentou o Imposto de Renda cobrado das empresas.
O ministro afirmou que governo analisa reduzir a alíquota de 34% para 15%. Esse
corte "brutal" seria compensado pela taxação de dividendos, hoje
isentos, pontuou Guedes. Segundo ele, essa mudança aumentará a competitividade.
Segundo
a agência, Guedes disse ainda que o governo pretende reduzir a carga tributária
do Brasil para 30% do Produto Interno Bruto (PIB), de 36% atualmente.
O ministro
sinalizou também que o governo considera extinguir 50 estatais num prazo de 3 a
5 meses. À Bloomberg TV, Guedes havia dito que o
governo espera levantar US$ 20 bilhões (cerca de R$ 75 bilhões) em
privatizações neste ano.
G1