Secretários de Fazenda querem apresentar no Congresso Nacional
uma proposta alternativa de regime de recuperação fiscal, que beneficie mais
Estados, e não somente aqueles em calamidade financeira. A proposta deve ser
fechada em reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) na
próxima quarta-feira (15).
O entendimento é que o projeto atual só contempla Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que teriam o pagamento da dívida com
a União suspenso por três anos em troca de duras contrapartidas, como venda de
estatais e aumento de contribuição previdenciários dos servidores.
Em reunião em Brasília nesta semana, os secretários começaram
a discutir uma alteração no projeto enviado pelo governo federal para permitir
que todos os Estados com alguma dificuldade financeira tenham o pagamento da
dívida suspenso em troca de contrapartidas, que seriam equivalentes à situação
fiscal de cada Estado. A proposta deverá ser apresentada como emenda durante a
tramitação do projeto no Congresso Nacional.
As contrapartidas seriam negociadas pelo Tesouro com cada
Estado e teriam de ser suficientes para ajustar as contas. "É nítido que
os governos estão tendo de fazer um grande sacrifício fiscal Isso está custando
aos governadores o mandato deles. Mesmo com os sinais de retomada, é muito
difícil que isso se reflita no curto prazo", afirma o secretário de
Fazenda do Mato Grosso, Gustavo Oliveira, coordenador do grupo de trabalho do
Confaz criado para discutir o tema.
Além disso, a ideia é que os recursos que deixarem de ser
usados para o pagamento da dívida seriam destinados para investimentos, para
aumentar o investimento público e alavancar o privado. "Não nos opomos a
oferecer contrapartidas, o que nos incomoda é que regras para aderir são só
para Estados com as contas públicas em decomposição", completou.
A área econômica, porém, é contra. Segundo fontes ouvidas pela
reportagem, o regime é considerado uma exceção que já vem sendo negociada com
os Estados em situação crítica. Procurado, o Ministério da Fazenda disse que o
regime de recuperação fiscal foi criado para apoiar Estados em grande
desequilíbrio fiscal e não se aplica a todos.
Oliveira reclama que os entes estão em situação diferente,
alguns até já fizeram pontos exigidos pelo projeto do governo, como a elevação
da alíquota previdenciária de 11% para 14% e outras medidas de ajuste fiscal.
Ainda assim, muitos têm problemas, como a falta de recursos para honrar a folha
de pagamentos.
Além de fechar essa proposta, a reunião do Confaz na próxima
quarta-feira também vai discutir outros temas, como a reforma tributária que
deverá ser encaminhada em partes pelo governo para o Congresso Nacional. No
segundo semestre, o governo pretende mexer no vespeiro do ICMS, discussão que
terá de passar pelos governadores.
Estadão
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