Em documento enviado como respostas a questionamentos do procurador-geral, Rodrigo Janot, o governo apresenta o histórico de formação das duas facções que disputam poder e que promovem rebeliões e mortes no Sistema Penitenciário.
"Foram 'batizados' e, ao retornarem para o Estado, foram incumbidos de implantar a 'ideologia' da referida facção no Rio Grande do Norte. Como é do conhecimento de todos, trata-se de uma rede criminosa em plena expansão tanto no Brasil como também em outros países, e presente em praticamente todos os sistemas prisionais do Estado. Atualmente, a facção conta com cerca de 250 apenados cadastrados, tendo cerca de 700 apenados entre membros e simpatizantes que estão em pelo menos cinco unidades prisionais, de acordo com o que já foi levantado pela Seção de Inteligência da Sejuc", informa o documento.
A outra facção com atuação no estado é Sindicato do Crime do RN (SCRN). Ela surgiu a partir de 2012, quando alguns apenados resolveram deixar o PCC por causa de disputas internas
pelo controle do tráfico de drogas dos presos. A facção se estabeleceu de forma definitiva a partir de 2015, quando promoveram uma série de motins em quase todas as unidades prisionais do Estado, bem como assassinatos de presos ligados ao PCC.
"Desde então teve início à disputa entre as facções pelo controle do tráfico de drogas e
também pelo domínio da população carcerária das unidades prisionais do Estado. Apesar de ser uma facção com atuação local, o SCRN alega ter o controle da maioria das unidades. Não tem a mesma organização e estrutura do PCC, mas tem capacidade de mobilizar criminosos que estão em liberdade e que são membros da facção para promover atos de terrorismo como foi visto em 2016 e, recentemente, em janeiro de 2017, com atentados a ônibus e instituições públicas. Atualmente, os principais líderes dessa facção estão custodiados em Penitenciárias Federais, e os líderes remanescentes estão na Penitenciária Estadual de Parnamirim e Alcaçuz".
Essa disputa de poder entre as duas facções gerou rebeliões no presídio de Alcaçuz, no início de janeiro e a matança de pelo menos 26 detentos. Foram justamente essas rebeliões que levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitar ao governo do RN um relatório sobre a situação dos presídios. Com base nas informações que foram repassadas, Janot deverá analisar se recorre ao Supremo Tribunal Federal solicitando que seja decretada Intervenção Federal no Sistema Penitenciário potiguar.
O governo do RN afirma que adotou como providências para reprimir as facções a identificação das lideranças e solicitação, junto à Justiça Federal, de inclusão deles no Sistema Penitenciário Federal, bem como o confinamento de presos filiados a facções em unidades específicas, com objetivo de separá-los e evitar confrontos entre os rivais ou adesões de novos apenados. Essa separação, porém, de acordo com o relatório, é dificultada por causa da superlotação do Sistema Penitenciário.
G1/RN