Em menos de uma semana, o
Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte entrou com a segunda ação de
improbidade administrativa contra a governadora Rosalba Ciarlini e o secretário
estadual de Planejamento, Obery Rodrigues. Dessa vez eles são denunciados pela
ilegalidade na aplicação de recursos do orçamento para a educação.
O procurador geral de
Justiça, Rinaldo Reis, que assina o processo observou que o Executivo não está
cumprindo o mínimo de 25% da destinação do orçamento geral para educação. A
principal acusação é o fato de que as despesas com servidores inativos da
educação estavam sendo contabilizados dentro do cálculo de investimentos do
setor, quando, no entendimento do Ministério Público, a despesa é da
previdência básica.
A ação de improbidade administrativa, tramita
na 3ª Vara da Fazenda Pública, que tem como juiz titular Geraldo Antonio Motta.
No
processo o Ministério Público apresenta como provas principais o relatórios
anuais do Tribunal de Contas do Estado referentes aos períodos de 2011 e 2012,
nos quais é constatado que o Estado descumpriu, nesse biênio, o dever
constitucional de aplicar o mínimo de 25% de suas receitas em ações voltadas à
manutenção e desenvolvimento do ensino.
“A governadora Rosalba Ciarlini Rosado, e o
Secretário do Planejamento e Finanças, Francisco Obery Rodrigues Júnior, mesmo
cientes da gravidade do caso, omitiram-se, intencionalmente, no dever de agir
para assegurar o percentual mínimo de 25% das receitas com a educação,
recusando-se a adotar, ao longo de três anos de mandato, medidas políticas,
administrativas e orçamentárias para a cessação do problema noticiado”,
escreveu o procurador geral de Justiça na denúncia.
Na ação de 27 páginas, o procurador pede como
testemunhas para serem ouvidas no processo a secretária estadual de Educação,
Betânia Ramalho; a inspetora de Controle Externo do TCE, Marise Magaly
Queiroz, e o inspetor de controle externo também do TCE, Severiano Duarte
Júnior.
Recomendações
Para o
procurador geral de Justiça, o suposto crime de improbidade administrativa da
governadora se configura “ao computar artificialmente despesas com previdênciabásica
nas ações destinadas Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE)”.
Na ação, Rinaldo Reis chama atenção para o
comportamento do secretário estadual de Planejamento, Obery Rodrigues. “Ao
deixar de incorporar as recomendações do TCE às propostas orçamentárias do
Governo do Estado do Rio Grande do Norte, omitindo-se em ato inerente ao seu
ofício, o Secretário Francisco Obery Rodrigues Júnior, incorreu no ato de
improbidade administrativa”, analisou.
Rinaldo
Reis lembrou ainda que ata de reunião extraordinária sobre o monitoramento de
despesas, ocorrida no dia 14 de maio de 2013, já trouxe o reconhecimento do
secretário Obery Rodrigues de que as despesas com inativos não podem ser
incluídas na folha da Secretaria de Educação.
“A Diretoria de Controle Externo do TCE/RN, analisando os exercícios financeiros de 2011e 2012, apontou que o percentual de 25% das receitas resultante de impostos e transferências, que deveria ser aplicado pelo Estado do Rio Grande do Norte na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE), foi alcançado com a inclusão, indevida, de despesa com inativos”, escreveu o procurador na petição.
A ação
de improbidade administrativa impetrada pelo Ministério Público contra
governadora foi formulada pelo deputado estadual Fernando Mineiro em
representação ao Ministério Público. Em agosto do ano passado o parlamentar
denunciou possível prática de ato configurador de improbidade administrativa,
investigado no âmbito do Inquérito Civil nº 003/2013-PGJ.
Procurados
pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a governadora Rosalba Ciarlini e o
secretário estadual de Planejamento Obery Rodrigues afirmaram, através da
Assessoria de Imprensa, que não foram notificados e não sabem o teor das
acusações do Ministério Público.
TRIBUNA DO NORTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário