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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Profissionais estrangeiros do programa Mais Médicos desembarcam em Natal/RN

O desafio pessoal e o fator econômico, mas aliado ao prazer de prestar um serviço à população   carente de atendimento médico, são alguns dos pontos que motivaram os 19 médicos estrangeiros e brasileiros, que trabalhavam e se formaram no exterior, a aderirem ao programa “Mais Médico” do governo federal e que desembarcaram na manhã deste domingo (15), na base aérea de Natal, em Parnamirim/RN.

Um desses médicos é o ucraniano Dimytro Petruk, que é casado há seis anos com uma natalense e isso foi um dos motivos que o levou a escolher a praia de Touros para exercer a sua profissão. “Está certo que a Europa está em crise”, disse ele,  mas salientando que “o clima bom, quente e úmido, mas sem inverno e verão” como na Europa, foi um preponderante na sua escolha.

Petruk disse que já veio algumas vezes a Natal, tendo passado aqui em 13 de julho, antes de ir para Fortaleza (CE), onde passou por uma fase de aclimatação com os outros colegas do programa “Mais Médico” e optou também por Touros por sua proximidade com Natal – a apenas 100 quilômetros e porque também gostou muito da praça de Grançadu: “Estou cansado da cidade grande”.

Quanto a estrutura da saúde pública do país, Petruk disse que isso  não o preocupou, porque antes de exercer a profissão em Portugal, trabalhou no seu país, onde “aprendeu alguma habilidade”.

Na Ucrânia, segundo Petruk, a estrutura da saúde não é muito diferente do Brasil: “É muito parecido, não tem muitas condições técnicas, mas a gente trabalha com a cabeça, o estetoscópio e mais alguma coisa”.

Humilde,  Petruk afirmou, ainda, que se passar por alguma dificuldade, não ter cerimônia “para consultar os meus colegas que têm mais experiência”.

Pernambucano de Moreilândia,  município de 11.116 habitantes próximo a Exu, o médico Alecildes Arruda  disse o que a primeira coisa a vir na sua mente, depois que decidiu vir ao Brasil depois de ter se formado em Medicina na Espanha e ter feito especialização de quatro anos em Medicina da Família, foi sua mãe, que falava pra ele:  “Você não fica mais perto da gente, você é brasileiro, tem coração brasileiro, porque não vem mais pra perto?”

Alecildes Arruda disse que o programa do governo federal “foi a oportunidade de ouro” para vir trabalhar em Natal com a mulher, uma cearense que também é médica.

Arruda afirmou que o trabalho de saúde na família no Brasil, realmente, “não é igual a Espanha, onde tudo é muito bem saneado”, mas ele considera que isso seja um desafio: “O que aprendi lá, quero dar aqui, sou brasileiro, cada dia a gente aprende e vou aprender com o povo brasileiro”.

Ao ser questionado pelas críticas feitas à classe médica brasileiro contra o programa “Mais Médico”, Arruda disse que isso “não era produtivo”, mas reconhecia que a classe médica, como qualquer outra, pode exercer o seu corporativismo e defender os seus direitos. O que não pode, segundo ele, “é esquecer do próximo que está sofrendo por suas convicções, tem de parar um pouco, mudar o sistema, porque o Brasil necessita de médicos”.

Arruda até lembrou que, quando vinha de férias para o Brasil, “sempre trazia a minha mala com medicamentos para atender pessoas no interior, porque acho bonito o médico que se dedica”.

Por fim, Arruda admitiu que na decisão de voltar para o Brasil, também pesou a questão salarial: “Tem o econômico também, ninguém pode negar, porque se paga água, energia e se come”.

Já o  cubano Rinolky Perez vai trabalhar em São Tomé, na região do Potengi, que procurou conhecer através da internet: “A cidade é pequena, mas é boa”. Ele disse que pretende trabalhar “com amor e carinho” e não acredita “que vai ter algum problema” no exercício da sua profissão, porque está disposto “a trocar conhecimentos e informações e o que o mais importante é tratar e ajudar o povo brasileiro”.

DESTINOS

Os 17 dos 19 médicos que chegaram em Natal na manhã deste domingo (15), passam por um período de adaptação em Natal desta segunda-feira (16) até o dia 20. Eles só viajam para o interior e se integram às suas unidades de trabalho, inclusive em Natal, só a partir do dia 23. Um cubano e um boliviano ainda estão para chegar no RN.

O primeiro compromisso profissional ocorre a partir das 8:30 da segunda, no Hotel Praiamar, onde se encontram com profissionais da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) para conhecerem o perfil epidemiológico do Estado.

Segundo o Ministério da Saúde, já estão trabalhando no Rio Grande do Norte 16 médicos brasileiros, nos municípios de Bom Jesus, Caraúbas, Extremoz, Lagoa de Pedras, Macaiba, Monte Alegre, Natal, Olho d'Água dos Borges, Porto do Mangue, Serra Caiada e Touros.

Houve quatro desistências em Natal, Alexandria e Macaíba, enquanto Riacho da Cruz, que receberia um médico, descredenciou-se do programa, porque a escala médica de lá já está completa.

Os médicos que acabaram de chegar, vão trabalhar nas seguintes cidades:

-São Tomé, dois cubanos.
-Riacho de Santana, dois cubanos.
-São Miguel, três cubanos.
-Natal, um boliviano formado na Argentina.
-Ceará Mirim, dois espanhóis
-Macaíba, um brasileiro formado na Argentina.
-Natal, três brasileiros formados na Espanha.
-Natal, uma brasileira formada na Argentina.
-Natal, um brasileiro formado na Rússia.
-São Miguel do Gostoso, um italiano.
-Touros, um ucraniano

*Tribuna do Norte

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